Não é nada, não é nada, não é nada demais. Pois foi desta forma que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), explicou o fato de ter conta bancária no exterior. Conta, não. Contas, quatro, pelo menos. E na Suíça, que mudou a sua política por causa da opinião pública e deixou de ser o paraíso de esconder dinheiro, sabe-se lá de que origem.
Vale lembrar que, em março, Eduardo Cunha jurou de pés juntos que não tinha conta no exterior, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. Como mentira tem perna curta, logo veio o desmentido, com as informações e documentos fornecidos pelo governo suíço. Aí, Cunha diz que as contas são de empresas chamadas de “trusts”. E que ele é apenas beneficiário delas.
Então, ficamos assim. O ainda presidente da Câmara dos Deputados não tem contas no exterior. Só dinheiro guardado em bancos suíços. E olha que o ainda presidente é prematuro dizer. Eduardo Cunha tem munição para pôr fogo na República, em especial, o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), apresentado pela oposição. Basta uma canetada dele e o tema vai a plenário. Passa lá?
Esta é a grande questão. Mas convém lembrar que o PMDB é dono da maior bancada na Câmara dos Deputados. E quem poderia ser o beneficiário de eventual saída de Dilma do Palácio do Planalto? O vice-presidente da República, Michel Temer. De que partido? Do PMDB, onde tem o posto de presidente de honra. Os peemedebistas vão deixar de honrá-lo?
É este o grande risco que a presidente Dilma corre e que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a dar plantões constantes em Brasília, depois de um bom tempo recolhido em São Bernardo do Campo. Eduardo Cunha já avisou e já foi dito aqui, mas não custa repetir. Se o Ministério Público pedir o seu afastamento da presidência da Câmara, seu último ato será deflagrar o processo de impeachment de Dilma. Chantagem explícita.