As negociações da presidente Dilma Rousseff (PT) com o PMDB são uma aposta de altíssimo risco. O primeiro sintoma está na postura adotada pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB). Depois de algumas negociações, Dilma o chamou para pedir a sua opinião. Temer avisou que não iria interferir de jeito nenhum e ainda foi irônico ao sugerir que ela ficasse à vontade para tomar as decisões que julgasse serem as melhores para o governo.
Na escolha dos novos ministros, a presidente recebeu vários nomes para cada pasta que ofereceu ao PMDB. O que isso significa na prática? O escolhido fica de bem, mas deixa de votar na Câmara dos Deputados. Os preteridos se sentem rejeitados e tendem a ver o governo com pouca simpatia. E são mais numerosos. Com lista de múltipla escolha, outra aposta de alto risco.
É também sintomática a presença – de novo – do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Brasília para um almoço reservado com Dilma, só os dois, cara a cara. Lula tem instinto político, o que falta a Dilma. Alguma preocupação o levou de volta ao Palácio da Alvorada, e certamente não foi a qualidade da comida servida. Nem da sobremesa.
O ex-presidente já havia condenado a decisão de redução dos ministérios neste momento, mesmo que 39 pastas sejam um verdadeiro escárnio ao bolso do contribuinte. Mas, para o governo, é combustível para negociações com os partidos. E alguns, como o PDT e o PTB, que estavam rebeldes, já ganharam o seu quinhão para voltar à base.
O fato é que o balcão de negócios está aberto, mas não tem mercadoria suficiente para entregar a todo mundo. A presidente Dilma está enfraquecida politicamente e a reforma ministerial em curso não sinaliza uma recuperação, nem com o Congresso e muito menos com a população. Sua rejeição nas pesquisas não mente.