A pressão já existia. E vai crescer nos próximos dias. Tanto que o ministro Celso de Mello, o decano do Supremo Tribunal Federal (STF), já cuidou de se vacinar. Fez questão de dizer que seu voto já está pronto. Foi além. Manifestou publicamente que agirá sem influência da opinião pública, com independência de sua convicção formada. É senha para os defensores do encerramento rápido do julgamento político que mais chamou atenção na história brasileira colocarem as barbas de molho.
A sessão de quarta-feira deixou claro que os defensores de que os embargos infringentes não são cabíveis traçaram estratégia de adiar o voto de Celso de Mello. O ministro Gilmar Mendes fez a defesa de seu voto por mais de uma hora. Marco Aurélio Mello falou até que não desse mais tempo, pois havia sessão do Tribunal Superior Eleitoral (três ministros do STF integram a Corte). Foi com esta justificativa que o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, encerrou a sessão. Não tinha como deixar de assim proceder.
O fato é que, se Celso de Mello decidir pela continuidade do julgamento, ele vai se prolongar por muito mais tempo. Terá que ser escolhido um novo ministro relator e um novo ministro revisor. Depois haverá a possibilidade de oitivas de testemunhas, de apresentação de novos documentos, tudo que o rito processual permitir. Quanto tempo vai durar, beira o imponderável.
E que impacto o julgamento poderá ter nas eleições presidenciais do ano que vem? Esta é a grande dúvida. Já imaginou as sessões do Supremo sendo transmitidas em setembro de 2013, por exemplo, ativando as lembranças dos eleitores? Será que a presidente Dilma Rousseff (PT) estará blindada dos malfeitos cometidos por alguns caciques de seu partido? Tanto sobre a decisão da semana que vem e quanto sobre o tempo que o julgamento vai durar se ele continuar, é bom não fazer apostas apressadas.