Cabral, o segundo, despejou os índios com polícia e tudo de seu
Museu próximo ao Maracanã, palavra indígena, semanas antes do Dia do
Índio. Às vesperas da data comemorativa, o Congresso Nacional foi
tomado… A Casa, com os seus deputados ruralistas, quer solapar os
avanços das políticas de proteção e abrir passagem para a grilagem de
suas reservas.
Em Altamira, no Pará, a nação brasileira
assiste impávida à desagregação das tribos da região. Desprovidas de
qualquer intermediação pública, as comunidades são mais e mais
subdivididas, como resultado das compensações financeiras da Usina de
Belo Monte: a cada novo cacique, novos recursos. A fragmentação
acelerada leva ao aculturamento vertiginoso. A lenta agonia indígena é
regada a fortes incentivos e mesadas, que pagam e enriquecem
momentaneamente alguns... em detrimento dos demais.
Incorporados
à modernidade da noite para o dia, sem nenhum preparo, mediação e
educação, os indígenas de hoje reagem aos carros e às caminhonetes como
seus antepassados aos espelhos dos que vieram depois de Cabral, o
primeiro.
As obras de Belo Monte seguem. Os programas de
fortalecimento institucional da Fundação Nacional do Índio (Funai) e a
preservação das identidades indígenas, não. Estavam presentes nas
declarações, nas compensações dos projetos ambientais, mas agora o que
se vê é o avanço da dependência das aldeias em relação às cidades do
entorno. Esse filme já vimos antes e ele termina em alcoolismo,
prostituição e em suicídio.
Para
os índios brasileiros, não fazem a menor diferença os conceitos de
“colônia” que começaram com Cabral, o primeiro, a Monarquia dos Pedros I
e II, as Repúblicas Velha e Nova, sejam nos seus períodos ditatoriais
ou democráticos, até os tempos de Cabral, o segundo. Todos os seus dias
foram “programas de branco”.