O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), optou por não se
defender da acusação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu de que
prometeu absolvê-lo no processo do mensalão, em encontro ocorrido há
mais de dois anos, antes de ser nomeado para uma vaga no STF. No
julgamento, Fux votou pela condenação do petista a 10 anos e 10 meses de
prisão pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. O
ministro chegou por volta das 14h15 de ontem à Suprema Corte e evitou
falar com os jornalistas. Limitou-se a dizer, por meio da assessoria do
tribunal, que “ministro do Supremo não polemiza com o réu”.
No intervalo da sessão plenária, Fux fez uma breve declaração aos jornalistas. “Eu já me pronunciei através da imprensa do tribunal no sentido de que um ministro do Supremo não controverte com o réu do processo. Essa é uma regra inerente ao ofício. Isso é tudo o que eu tenho a dizer”, frisou o ministro.
Responsável por sustentar a denúncia contra os réus do mensalão, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, alertou que alguns condenados na Ação Penal 470 vêm adotando uma “postura arrogante”. Ele saiu em defesa do ministro do STF e desqualificou as acusações feitas por José Dirceu, em entrevista publicada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo. Na reportagem, além de afirmar que o então ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luiz Fux prometeu sua absolvição, Dirceu disse ter sido “assediado moralmente” por Fux, que teria pedido apoio para chegar a uma cadeira do Supremo. Segundo o petista, o encontro entre ambos ocorreu no escritório de um advogado em São Paulo. Fux foi nomeado para o Supremo em fevereiro de 2011. Eu acredito na versão do réu José Dirceu. Fux iria até o papa se necessário fosse, e depois... "ah, depois eu nego e foda-se!"
Para Gurgel, as declarações do ex-ministro, apontado como chefe da quadrilha do mensalão, não são dignas de credibilidade. “São denúncias que, em princípio, para mim não merecem qualquer crédito. A história do ministro Fux é uma história de honradez. E o mesmo não se pode dizer de quem o acusa”, afirmou o procurador-geral, em entrevista antes do começo da sessão de ontem do STF.