As autoridades cariocas estão se mobilizando para atacar a violência no
Rio, pela via das UPPs, cuidando dos efeitos e esquecendo-se das causas,
como quase tudo que depende de decisões políticas no Brasil. Pergunto
aos especialistas da política e da sociologia, cuja responsabilidade é
interpretar a realidade e apresentar soluções para o problema: a cidade
tem 1.225 favelas e um terço da sua população morando nelas ao lado dos
ratos, da desorganização e da criminalidade.
Não vimos nenhum movimento
local, estadual ou federal para mudar esse cenário, recuperando espaço e
dando endereço, dignidade e alguma esperança para os moradores da
periferia da cidade maravilhosa. O romantismo toma conta do noticiário
enquanto o crime muda de endereço, saltando de um morro para o outro
como no desenho animado Tom e Jerry. Vale lembrar que o programa do
governo federal Minha casa, minha vida não tem como foco o fim das
favelas, ele pretende dar a oportunidade para quem vive de aluguel e tem
renda para ter o seu próprio imóvel.
Com efeito, chega a ser cômico, se
não fosse trágico, ver as autoridades policiais querendo fazer
segurança pública nesse terreno, enxugando gelo, já que para a
marginalidade o problema territorial é apenas uma questão de tempo. Mais
do que traficar drogas e armas, eles cumprem o papel do Estado
oferecendo proteção e às vezes até emprego para quem não tem esperança.
UPP, portanto, além de não resolver o problema, perpetua a
desorganização e transfere o problema de um local para o outro, deixando
os políticos com a sensação do dever cumprido, o que é um equívoco
grave. Sem organização e dignidade, não existe segurança pública nem
aqui, nem na China.