Brasília não tem eleição este ano nem campanha eleitoral, mas é
palco das mais animadas polêmicas deste pleito. É lá que se trava uma
batalha que deixa de lado os comícios, santinhos não são distribuídos,
carros de som não estão nas ruas. A questão eleitoral, na verdade, virou
uma espécie de guerra entre poderes. De um lado, no prédio do Supremo
Tribunal Federal (STF), está em curso o julgamento do escândalo do
mensalão, que põe antigos caciques petistas na berlinda. Em outro ponto
da Praça dos Três Poderes fica o Congresso, onde está em curso a
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira. E integrantes da
CPI estão loucos para dar um troco nos tucanos, tentando pôr em
evidência o envolvimento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
O
mensalão tem maior teor explosivo. Ainda mais que nesta semana de reta
final da campanha entram na pauta do relator do processo, ministro
Joaquim Barbosa, o ex-todo-poderoso (será mesmo ex?) José Dirceu, além
do ex-presidente do partido José Genoino e do ex-tesoureiro Delúbio
Soares. É nitroglicerina pura que estará nos telejornais quase
diariamente. O tamanho do estrago, no entanto, é difícil de medir. Não
custa repetir a frase do saudoso Ulysses Guimarães: “Ninguém vota na
União, as pessoas votam nos municípios”.
Contra a
estratégia petista pesa a demora das operadoras de telefonia em entregar
as quebras de sigilo pedidas pela CPI. Até na Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel), o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), já
reclamou. Em vão, pelo menos até agora.
E fica a troca de
acusações. Para os tucanos, a volta de Perillo aos noticiários, mesmo
com a CPI com os trabalhos paralisados até 9 de outubro, significa
trazer o assunto para o palanque. É, pode ser. O fato é que o Supremo e a
CPI, mesmo que sem intenção, dão munição pesada aos adversários na
eleição.