Com seu candidato à prefeitura da capital patinando nas pesquisas, o
tucanato de São Paulo escalou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
para pôr o escândalo do mensalão no ar e tentar melhorar a posição de
José Serra (PSDB), que corre risco de ficar fora do segundo turno. E FHC
foi logo colocando o dedo na ferida, trazendo para a propaganda
eleitoral o mensalão, que está na ordem do dia por causa do julgamento
no Supremo Tribunal Federal (STF). Em temporada de queda nas intenções
de voto, é preciso esquentar o jogo. É o que o PSDB tenta fazer em São
Paulo.
Atire a primeira pedra, no entanto, quem não tem pecados. Não custa lembrar que o deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP) apoia a candidatura de Serra. E o republicano é um dos réus no Supremo. Líder nas pesquisas, Celso Russomano (PRB) deve o pouco tempo de TV ao apoio do PTB à sua candidatura. PTB? Aquele de Roberto Jefferson, que detonou e tornou o esquema público?
Não é à toa que FHC volta à cena
política. Primeiro foi o artigo que publicou atacando duramente o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e falando em herança
maldita para a presidente Dilma Rousseff. A própria Dilma fez questão de
responder, com uma também dura nota oficial contestando o tucano. E
olhe que FHC era todo carinho com ela desde seu aniversário de 80 anos,
que a presidente tanto prestigiou.
Mas as eleições são assim
mesmo. O tom nos palanques é ditado pelo resultado das últimas
pesquisas. Quem se sente ameaçado muda de estratégia e parte para o
ataque. Quem está confortável evita criar polêmica e fica quieto em seu
canto. Resta saber o que o eleitor comum pensa de tudo isso. Será que é o
ministro Joaquim Barbosa o grande eleitor deste ano? Pouco provável.
Nas eleições municipais, o que conta mesmo é o buraco da rua e a fila do
posto de saúde.