O Mercado Comum do Sul (Mercosul), depois de 21 anos funcionando aos
trancos e barrancos, parece que agora vai deixar de ser um bloco
econômico para se transformar em foro político. O ingresso da Venezuela
como membro pleno dele e, consequentemente, com a influência de Hugo
Chávez, vai contribuir para isso. Há quem afirme que a mudança na
composição do bloco, sem o aval de um dos seus fundadores, contribui
para fragilizar a união aduaneira. Ainda assim, eles acreditam que o
processo iniciado há uma semana é irreversível, mesmo diante do eventual
retorno do Paraguai, suspenso depois do impeachment do presidente
Fernando Lugo. Toda a lógica do processo foi dirigida pela Argentina e
pela Venezuela, com o Brasil a reboque. A mudança dá um matiz mais
bolivariano ao Mercosul.
No outro lado do Atlântico, a expectativa é de que a União Europeia e outros parceiros internacionais passem a criar dificuldades em negociações para um acordo de livre comércio com o bloco sul-americano. Do ponto de vista político, ninguém ignora que Chávez tem uma orientação ideológica muito nítida, que está explícita no bloco bolivariano, e isso certamente trará dificuldades. As negociações serão sem dúvida mais lentas. Apesar dos entraves políticos, observa-se que o movimento é também uma resposta favorável à criação da Aliança do Pacífico ainda neste ano, com México, Colômbia, Peru e Chile, e pode resultar em aumento de investimentos e laços comerciais entre Brasil e Venezuela.
Há dois dias, mais caldo sujou o tapete do bloco. O governo do Paraguai convidou o embaixador da Venezuela no país, José F. Javier Arrúe de Pablo, a voltar para Caracas. Os presidentes de Argentina, Brasil e Uruguai fecharam o acordo para suspensão do país vizinho do Mercosul, até as eleições presidenciais de abril de 2013, numa reunião na cidade argentina de Medonza, depois da deposição de Lugo. A admissão da Venezuela deu-se a seguir. O próximo capítulo nesse imbróglio sul-americano se dará no dia 31 no Rio de Janeiro, quando haverá a decisão definitiva sobre a Venezuela. A ideia de admiti-la no Mercosul não é nova. A destituição de Fernando Lugo apenas acelerou algo que era visto por todos há tempos: o Mercosul está moribundo e respirando por aparelhos. A Cúpula de Mendoza não resolveu nada, só complicou. A Argentina, por exemplo, acaba de remover, em um ou outro produto, as barreiras comerciais contra o Brasil. Dilma e Cristina Kirchner não conseguem acertar o comércio bilateral.
Verdade é que esse atrito desnecessário e eivado de erros diplomáticos com o Paraguai e o anúncio da entrada da Venezuela no bloco põe em dúvida o futuro do Mercosul – realmente uma incógnita. No meio empresarial do Brasil, a visão que predomina é a de que o governo argentino feriu mortalmente o Mercosul e que, como instrumento de política comercial, acabou, não contribuindo para abrir o comércio, pois virou um foro político. O Tratado de Assunção, em março de 1991, que deu origem ao bloco, estabelecia a abertura do comércio entre os sócios, mas o que ocorre agora é exatamente o inverso. Pergunta: quando virá a pá de cal?
No outro lado do Atlântico, a expectativa é de que a União Europeia e outros parceiros internacionais passem a criar dificuldades em negociações para um acordo de livre comércio com o bloco sul-americano. Do ponto de vista político, ninguém ignora que Chávez tem uma orientação ideológica muito nítida, que está explícita no bloco bolivariano, e isso certamente trará dificuldades. As negociações serão sem dúvida mais lentas. Apesar dos entraves políticos, observa-se que o movimento é também uma resposta favorável à criação da Aliança do Pacífico ainda neste ano, com México, Colômbia, Peru e Chile, e pode resultar em aumento de investimentos e laços comerciais entre Brasil e Venezuela.
Há dois dias, mais caldo sujou o tapete do bloco. O governo do Paraguai convidou o embaixador da Venezuela no país, José F. Javier Arrúe de Pablo, a voltar para Caracas. Os presidentes de Argentina, Brasil e Uruguai fecharam o acordo para suspensão do país vizinho do Mercosul, até as eleições presidenciais de abril de 2013, numa reunião na cidade argentina de Medonza, depois da deposição de Lugo. A admissão da Venezuela deu-se a seguir. O próximo capítulo nesse imbróglio sul-americano se dará no dia 31 no Rio de Janeiro, quando haverá a decisão definitiva sobre a Venezuela. A ideia de admiti-la no Mercosul não é nova. A destituição de Fernando Lugo apenas acelerou algo que era visto por todos há tempos: o Mercosul está moribundo e respirando por aparelhos. A Cúpula de Mendoza não resolveu nada, só complicou. A Argentina, por exemplo, acaba de remover, em um ou outro produto, as barreiras comerciais contra o Brasil. Dilma e Cristina Kirchner não conseguem acertar o comércio bilateral.
Verdade é que esse atrito desnecessário e eivado de erros diplomáticos com o Paraguai e o anúncio da entrada da Venezuela no bloco põe em dúvida o futuro do Mercosul – realmente uma incógnita. No meio empresarial do Brasil, a visão que predomina é a de que o governo argentino feriu mortalmente o Mercosul e que, como instrumento de política comercial, acabou, não contribuindo para abrir o comércio, pois virou um foro político. O Tratado de Assunção, em março de 1991, que deu origem ao bloco, estabelecia a abertura do comércio entre os sócios, mas o que ocorre agora é exatamente o inverso. Pergunta: quando virá a pá de cal?