Parece até rima de música de Chico Buarque. O recesso acabou, o Congresso voltou, a base emburrou, a CPI emplacou... E por aí vai. Só falta os deputados e senadores pedirem que Deus lhe pague. Pague as emendas, bem entendido. Se o Senado vai conseguir instalar a CPI dos Transportes, é preciso aguardar. Assinaturas ainda podem ser retiradas, mas o aviso é claro: o governo terá muito trabalho este semestre, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado, se não melhorar o relacionamento, digamos assim, com os parlamentares. A presidente Dilma Rousseff passou os primeiros meses do governo resistindo. Não empenhou as emendas do Orçamento da União deste ano e só prorrogou o decreto dos restos a pagar de 2008 e 2009 depois de muita pressão. Algum agrado terá que vir.
Munição não falta para os aliados pressionarem o Palácio do Planalto. Os avisos começam a chegar. Além da CPI, o PR decidiu deixar o bloco de apoio ao governo no Senado. Não é nada, não é nada, não é nada mesmo. O próprio líder do partido, Magno Malta (ES), avisou que a legenda deixa o bloco, mas vai continuar apoiando o governo. “Vamos continuar na base porque eu acredito na Dilma. Mas vamos sair do bloco”. Ou seja, nada muda, apesar da queixa do PR de que o tratamento dado a outros partidos aliados seja diferente. É, pode ser. O PMDB foi rápido no gatilho. Hoje, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, vai à Câmara dos Deputados para dar explicações. Vai falar numa comissão da Casa. Qual comissão? A de Agricultura, para se sentir mais à vontade.
Se uns são mais espertos do que outros, pouco importa. O fato é que a situação do governo Dilma nunca foi tão ruim no Congresso quanto agora. E olha que o período de sete meses deveria ser considerado ainda como início de governo, quando o clima é de lua de mel.