A semana terminou, digamos assim, de forma no mínimo curiosa. A presidente Dilma Rousseff passou boa parte da sexta-feira em Ribeirão Preto, aonde foi anunciar o plano de safra para o ano que vem. Quem é de Ribeirão Preto? O ex-ministro-chefe da Casa Civil Antonio Palocci, que caiu depois que foi divulgado o faturamento de sua empresa de consultoria. E que, aliás, não apareceu na solenidade. O que não surpreende. Quem mais defendia Palocci? O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E onde estava Lula? Em Brasília, para um encontro na Federação dos Trabalhadores no Comércio.
O ex-presidente Lula tentou segurar Palocci no cargo até a última hora. E foi comunicado por Dilma, por telefone, que ela iria demiti-lo. Lula chegou a pensar em ir a Brasília para tratar do assunto, mas a própria Dilma o dissuadiu. Afinal, a presidente percebeu que não poderia continuar passando a impressão de que Lula tem mais influência em seu governo e em suas decisões do que deveria, como já apontavam especulações à boca miúda. E conseguiu.
Na remodelação de seu ministério, Dilma deixou claro o seu estilo de "mais perdida que cego em briga de foice". As escolhas que fez foram a sua cara. Surpreendeu duas vezes e com duas mulheres. Com Gleisi Hoffmann (PT-PR) na Casa Civil e com Ideli Salvatti (PT-SC) na Secretaria de Relações Institucionais, escolhas claramente pessoais e tresloucadas. E olha que havia pesos pesados de olho nos cargos, como o líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que tinha o presidente da Câmara dos Deputados torcendo para que ele fosse para a Esplanada. Ficaram todos, de Lula a Vaccarezza, a ver navios.