Temos que encarar o fato de que a advocacia não exige maiores requisitos, além de saber ler, escrever e ter uma boa oratória, ou seja, "vender bem o seu peixe". Lula é o mais puro exemplo disso! Advoga em nome do Brasil e não tem diploma de nada... É matéria de aplicação essencialmente teórica. Não estamos discutindo o valor da profissão, mas sim que seu acesso é inegavelmente mais fácil do que, por exemplo, os cursos de medicina, odontologia e até mesmo alguns outros da área de humanas, como filosofia e sociologia, que, além de exigirem vocação (no caso da área biomédica) exigem um percentual de raciocínio abstrato muito maior. Sem falar na área técnica, como arquitetura e desenho industrial, que exigem qualificação específica (desenho). Antigamente, na minha época de vestibular, eu ouvia muito que "quem não dá pra nada vai ser advogado".
Talvez por essa ausência de requisitos específicos, há sempre uma procura maior para o curso de direito, principalmente, por conta dos concursos públicos, sempre mais abundantes nesta área. Obviamente, vislumbrando esse filão, proliferaram-se as faculdades de direito e os cursos de mestrado e doutorado de baixíssima qualidade, formando profissionais de ensino não qualificados, sem qualquer didática e até mesmo, com baixo conhecimento. Faculdades ruins, maus professores, obviamente uma mistura que não poderia dar outro resultado, senão péssimos profissionais. Mas não pensem que isso é um mal que assola o apenas o Direito, pois todos os cursos universitários mais procurados, padecem dos mesmo problemas. Recentemente, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, aplicou uma prova a título de experiência a alguns profissionais formados e o resultado foi uma reprovação de 60%, muito alto para quem tem a responsabilidade de cuidar da saúde das pessoas e salvar vidas.
Realmente existem péssimos profissionais se formando em todas as áreas do conhecimento, mas a culpa não é específicamente deles, pois entram na faculdade de boa-fé, buscando ensino de qualidade para concluirem o curso pensando em registrar seu diploma e por a mão na massa, mas são obstados pela OAB, que os faz fazer um exame "de ordem", uma espécie de "concurso para ingressar no mercado de trabalho", pois nem todos que se formam vão ser necessariamente advogados.
Qualquer comerciante - até mesmo aquele de instrução primária - sabe que se a mercadoria não for boa, não tem saída. O mercado é o melhor selecionador de profissionais e a OAB está aí, justamente para cumprir esse papel de fiscalizar o exercício da advocacia, suspendendo, adventindo ou até mesmo, afastando aqueles que comprovadamente forem denunciados e condenados como maus profissionais. Este maldito "exame de ordem" parte do princípio de que todos são ruins e merecem ser submetidos a uma análise de um órgão que sequer é capacitado para este tipo de atividade. A OAB não pode aplicar provas pois não possui qualificação legal para isso, já que não é instituição de ensino, mas apenas um órgão de fiscalização e existe uma diferença muito grande entre "fiscalizar" e "selecionar", basta abrir o Aurélio.
Este "exame de ordem"apenas serviu para aumentar a arrecadação das OAB's, formentar o surgimento de cursinhos (muitos dos quais pertencentes a conselheiros da própria OAB e desembargadores... ô gentinha, viu!) e sequer dá garantia de que aquele que passar no "concurso" será um bom profissional. Para ser um bom profissional, não basta apenas se formar e passar no "concurso"da OAB, mas tem que estar frequentemente atualizado e engajado em praticar o bom direito. Não pode parar no tempo.
Não creio que este malfadado "exame de ordem"seja uma espécie de "reserva de mercado", pois este já está saturado há muito tempo. Poderíamos ter até 10 milhões de advogados, desde que a justiça usasse o mesmo critério para os grandes escritórios e para os profissionais autônomos. Bastaria que a OAB coibisse a prática dos "zangões" nas portas do SPC, da SERASA, de hospitais, funerárias e delegacias, fiscalizasse anúncios de advogados que oferecem milagres como "tirar nome do SPC em 24 horas", que não se rebelasse contra a revista de advogados nos presídios ou Tribunais, que exigisse cumprimento das prerrogativas legais dos Advogados pelos Magistrados, que fizesse uma triagem mais criteriosa das "representações" movidas por clientes contra advogados e processasse aquelas infundadas e feitas apenas com o intuito de denegrir a imagem do profissional. Não basta fazer provas, dar escritórios, ônibus "grátis", defender direitos humanos de monstros homicidas e estupradores de menores e bater papo com deputados e Presidentes de Tribunais. A OAB tem que agir para o advogado, pois é para isso que ela existe.
Sem mencionar o número absurdo de advogados filhos de ministros, ex-ministros, sobrinhos de ministros, afilhados de ex-ministros do STJ e STF. E aê, OAB...Outro dia eu ouvi um renomado advogado carioca falando o seguinte para o seu estagiário: "nunca vá ao Fórum sem uma nota de $100. Ao intregar o processo coloque o dinheiro dentro". E aê OAB...