São muitas as lições para uma exemplar governança corporativa. Mas,
quanto mais enxergamos o exercício dos comandos, mais nos deparamos com o
imenso universo comportamental a ser explorado. Neste momento de
ressaca do processo de impeachment da ex-presidente do Brasil, muitas
lições ficam evidentes. Vou relembrar algumas.
Processo muito longo e
desgastante. Enquanto se costuram os conchavos, mais aberta fica a porta
para a entrada de interesses fora do prumo. A desconfiança impera e
entre vencedores e vencidos fica o povo órfão e descrente de tudo e de
todos. Engana-se aquele que pensa que tudo terminou, que o jogo será
jogado com cartas limpas na mesa, que o respeito e admiração se
instalarão para tranquilidade geral.
Nada disso! A espada de Dâmocles
não desaparece de cima da cadeira do poder. É prudente que o cuidado
para não se ferir de imediato busque alianças fortalecedoras e
transparentes de austeridade, legalidade, probidade, razoabilidade e daí
por diante. É preciso que as sandálias da humildade estejam à vista nos
pés.
Outro cuidado indispensável fica por conta das falas e das
assinaturas. Ai do pobre do dirigente que não freia a sua língua e se
esconde por trás de mentiras e imaginações! A verdade vem com castigo em
dobro e desmonte subsequente. O mundo de hoje é como a corredeira de um
rio na transmissão das informações. Tudo flui rápido demais para se ter
controle.
O uso da caneta para tudo e todos há de se sentir ameaçado
pela coceira da desconfiança e da comprovação de seus objetivos. Infeliz
é o governante que fala o que não deve, que fecha os olhos confiante
nos que o cercam e aplaudem, toma partido e protege quem ele mesmo
conhece a sabedoria para interesses oportunos. Ainda bem que a
consciência para a retirada dos grilhões que nos forjavam está começando
a aparecer. Bom mesmo é se servir de um farto prato de moral e ética
para se ter assento, sem medo, numa cadeira de dirigente, onde quer que
seja, em órgãos públicos e privados, pois comando é comando.