Confesso preocupação com a forma reativa com que o governo interino de Michel Temer tem tratado alguns temas que são de particular preocupação de todos os que, como eu, apoiaram o 'fora Dilma'. Não bastasse a nomeação de ministros 'enrolados' com acusações – como se opções outras não existissem – e cingido pelos apelos tanto dos que desaprovaram a ausência feminina nos altos escalões, como pela gritaria dos privilegiados artistas 'Rouanet', irresignados com o rebaixamento do MinC à condição de secretaria, segue o Executivo, dia após dia, recuo após recuo, deixando preocupados a todos quantos aspiravam uma gestão mais assertiva e menos tíbia.
Agora mesmo, dão os jornais que ninguém menos que José Rainha, figurinha carimbada da delinquência nacional, condenado pela Justiça a mais de 30 anos de cadeia por desvios relacionados à reforma agrária, foi 'recebido' em audiência no Planalto – talvez em sinal de agradecimento pelo fato de o indigitado ter ajudado a 'distensionar' a invasão que o MST fez à fazenda de um ex-assessor de Temer no interior paulista.
Sejam quais forem as razões, o presidente da República receber um agitador como José Rainha em palácio é o fim da picada. Não bastasse, no mesmo dia, após o MTST invadir o andar térreo do escritório da Presidência da República em São Paulo, o Ministério das Cidades divulgou nota confirmando novo recuo do governo na questão das contratações do programa Minha casa, minha vida, modalidade Entidades. Ora, se em cada queda de braço que ocorrer o governo hesita ou recua, daqui a pouco vão perceber que quem gritar mais alto leva.
Isso somado à aparente ausência de uma estratégia de comunicação – Temer até agora não se manifestou em rede nacional –, vai minando as bases do governo interino que aspira se perenizar até 2018 –sempre lembrando que Dilma ainda não é carta fora do baralho. Todo cuidado é pouco...