Parece ironia do destino, mas as aparências enganam. Neste caso, tem endereço certo: o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle. No popular, é a raposa tomando conta do galinheiro. O agora ex-ministro Fabiano Silveira, em nota divulgada por sua assessoria, disse ter comparecido “de passagem” na residência oficial de Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado, no dia em que a conversa foi gravada por Sérgio Machado.
É, ele mesmo, o operador do gravador mais perigoso do país para os vários políticos importantes aos quais tinha livre acesso. Tudo agora está em mãos do Ministério Público. E, pelo jeito, muita água vai rolar por aí.
A presidente Dilma Rousseff (PT), mesmo exilada no Palácio da Alvorada, deu entrevista a jornal. E cutucou onça com vara curta, ao declarar que outro afastado, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), seria uma pedra no caminho do presidente da República, Michel Temer (PMDB). “Ele terá que se ajoelhar, porque com Cunha não há negociação possível”.
A resposta de Eduardo Cunha veio da medalhinha para cima: “Além de sua arrogância e das mentiras habituais, ela demonstra a sua incapacidade e despreparo para governar. Se até o Lula se arrependeu de ter escolhido ela, imaginem aqueles que ela fez de idiota, mentindo na eleição. Para ela, apenas uma frase: tchau, querida”.
O que dizer da atual situação política brasileira? Não há projeto que possa melhorar a situação do cidadão brasileiro. Nenhuma iniciativa que possa reverter o quadro de desemprego. E olha que ele registra o maior desde que a pesquisa sobre a estatística dele foi iniciada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São nada menos que 10,4 milhões de desempregados.
O número, na realidade, é outro, porque a pesquisa só abrange o emprego de carteira assinada. E aqueles que trabalham por conta própria, sem registro, não aparecem na estatística oficial.
Mas nela, em breve, serão 10,4 milhões mais dois: a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Mas estes futuros novos desempregados, a maioria dos brasileiros não vai lamentar. Muito antes pelo contrário.