O terremoto que hoje abala o Planalto teve início com a Operação Lava-Jato, deflagrada pela Polícia Federal em março de 2014. Considerada como a maior operação contra a corrupção no Brasil, a origem do nome dado às investigações se deveu às ações ilícitas nas quais doleiros usavam postos de combustíveis para lavagem de dinheiro de origem criminosa. Porém, algo muito maior ocorreu.
Com a deleção premiada do doleiro Alberto Youssef, réu condenado no processo, as investigações chegaram à maior estatal do país, a Petrobras. Empreiteiras, alguns funcionários da empresa e altos executivos montaram esquemas de cartas marcadas para vencer licitações da petrolífera. Os preços cobrados à estatal, que eram superfaturados, permitiram que valores fossem repassados para operadores financeiros, agentes e partidos políticos. As delações funcionaram como verdadeiras ondas sísmicas, permitindo às instituições investigadoras derrubar mais e mais falcatruas.
Fulano que delatou cicrano, que delatou beltrano. As acusações ao governo Dilma passam pelas práticas de tentativa de dificultar as investigações da Lava-Jato até o financiamento da campanha política de 2014 com o dinheiro desviado da Petrobras. Ao todo, 57 políticos, incluindo o ex-presidente Lula, estão sendo investigados. A maioria com mandato. Porém, o grande epicentro da crise política nos últimos dias se deveu ao grampo telefônico que indica ação da presidente Dilma para evitar possível prisão de Lula pelo Juiz Sérgio Moro.
Ora, se o governo federal buscava a governabilidade e a proteção para o ex-presidente, dando a ele foro privilegiado ao nomeá-lo ministro, o que se viu foi um verdadeiro tiro no próprio pé. O povo está nas ruas, e o governo, sob escombros. O país necessita de reconstrução.