Enrolado até o pescoço na Operação Lava-Jato da Polícia Federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mesmo tendo ficado irritado por ter sido levado para prestar depoimento, não perde a “humildade”: “A partir de agora, se me prenderem, eu viro herói. Se me matarem, viro mártir. E, se me deixarem solto, viro presidente de novo”. É o que ele tem dito a vários companheiros. E é o contrário do que mostram as pesquisas, em que o PT nunca antes na história deste país teve índices de aprovação tão pequenos.
E é essa confiança toda de Lula que faz com que ele resista a convite da presidente Dilma Rousseff (PT) para comandar um ministério, o que lhe daria foro privilegiado e levaria o caso para o Supremo Tribunal Federal (STF). E qual é a razão da sugestão? O risco de o juiz Sérgio Moro, que comanda as investigações, fazer o pedido de sua prisão. O ex-presidente, no entanto, alega que essa iniciativa configuraria na opinião pública como “uma confissão de culpa”.
Deve ser por isso que Lula convocou um seleto grupo de companheiros para uma reunião em seu instituto em São Paulo. O objetivo é discutir estratégias de comunicação para enfrentar a guerra para atrair a simpatia da opinião pública, especialmente depois de ter sido levado para depor pela Polícia Federal. Antes, pela manhã, esteve com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Por videoconferência, o ex-presidente Lula irá depor como testemunha na Operação Lava-Jato. Ele foi arrolado pelo amigo José Carlos Bumlai, o pecuarista que está preso desde novembro. Portanto, testemunha de defesa.
Voltando à questão de assumir o ministério, o PT insiste. O ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Ricardo Berzoini, aproveitou para usar o jargão futebolístico, de que o próprio Lula tanto gosta. Usou frases como: “Qual time que não gostaria de colocar o Pelé em campo?” E ainda: “A bola sempre esteve com ele”. Calma, gente. A bola de futebol, bem entendido.