Ajoelhou, tem que rezar. E foi o que fez a empreiteira Andrade Gutierrez. Só que pecou. Ao anunciar ter custeado despesas da campanha da presidente Dilma Rousseff, fazendo pagamentos ilicitamente por meio de contratos fictícios de prestação de serviços, a Andrade Gutierrez selecionou as doações de 2010. Como o primeiro mandato da presidente Dilma já acabou, a ilegalidade já prescreveu. Nada mais vale.
Então fica a pergunta que não pretende calar. Se fez e admite em 2010, não tomou a mesma iniciativa em 2014? Mudou de ideia? Desistiu de ajudar campanhas eleitorais presidenciais? Melhor deixar as perguntas para os próprios leitores responderem.
Provavelmente, já sabendo da atitude que a Andrade Gutierrez tomaria, o serviço de inteligência deve ter dado o alerta. Afinal, se não é recado, mudou de nome. Na tradução simultânea seria: pode vir mais por aí, inclusive da campanha do atual mandato. Mas é só coincidência a troca de cadeiras no ministério de Dilma.
Por razões pessoais, Luís Inácio Adams deixará o comando da Advocacia-Geral da União (AGU). É exatamente o destino do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, que não vinha interferindo nas investigações da Polícia Federal no âmbito da Operação Lava-Jato como era desejo do Palácio do Planalto. Para o seu lugar, foi escalado o ex-procurador-geral de Justiça da Bahia Wellington César Lima e Silva.
E é aí que está o dedo do ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Jaques Wagner. Adivinhe quem ele escolheu para ser procurador-geral quando era governador da Bahia? Ganha o doce quem responder primeiro que foi o próprio Wellington César Lima.
Com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cada vez mais encalacrado e complicado, Dilma foi obrigada a deixar o estilo de ficar com a cara de paisagem para a crise. O PT pressionou e ela teve que ceder.