De um lado, fogo amigo. E oficialmente, durante a reunião do Diretório Nacional do PT. A vítima é a própria presidente Dilma Rousseff (PT). Ela foi duramente atacada pelos colegas de partido. A prisão do marqueteiro João Santana jogou gasolina na fogueira. E se falamos em gasolina, os petistas detestaram o projeto aprovado no Senado, que diminui a influência da Petrobras na exploração do pré-sal. Os incendiários estão indóceis.
Por outro lado, fogo inimigo. Capitaneado pelo vice-presidente Michel Temer e presidente nacional do PMDB, o partido passou a buscar uma estratégia para o impeachment de Dilma, embora a sentença possa atingir a chapa inteira. A diferença é o caso. Olha o João Santana de novo aí. Ele era o marqueteiro de Dilma; não de Temer, não da chapa.
Contrariado com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que sentou em cima dos pedidos de impeachment na Casa para tentar salvar o próprio mandato, que já tem processos no Conselho de Ética que podem culminar na cassação, Temer agora tenta um porto seguro. Aproxima-se do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Sem ter o senador alagoano ao seu lado, o impeachment fica muito difícil de ser aprovado.
E, para piorar o cenário, embora finja que está preservando a presidente Dilma – “ela merece respeito” –, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva descasca o governo. Mas está tão encalacrado que serão palavras ao vento. A situação dele nas investigações da Operação Lava-Jato da Polícia Federal piora a cada dia. Seus advogados informaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a reforma no sítio em Atibaia, que Lula frequenta com a família, foi oferecida pelo pecuarista José Carlos Bumlai. E os advogados de Bumlai negam. É, o PT nunca teve uma reunião do Diretório Nacional tão animada. Afinal, começou com desfile de escolas de samba, inclusive a premiada bateria da Portela.