A necessidade faz o monge se aliar. Esta foi a atitude tomada pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB), que decidiu unir esforços com a presidente Dilma Rousseff (PT), diante da acusação de abuso do poder político e econômico na campanha de 2014 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os advogados de ambos vão trabalhar em conjunto na defesa das pedaladas fiscais que podem levar ao impeachment da chapa. É curioso, no entanto, como o tempo passa rápido na política.
“Esta é uma carta pessoal. É um desabafo que já deveria ter feito há muito tempo. Desde logo lhe digo que não é preciso alardear publicamente a necessidade da minha lealdade. Tenho-a revelado ao longo destes cinco anos.” O pedido de Temer, no início da carta-bomba que mandou à presidente Dilma Rousseff (PT) em tom de rompimento não foi respeitado, pelo menos no caso da carta, que foi alardeada publicamente. E na íntegra, o que permite lembrar mais alguns trechos.
“Passei os quatro primeiros anos de governo como vice decorativo. A senhora sabe disso. Perdi todo protagonismo político que tivera no passado e que poderia ter sido usado pelo governo. Só era chamado para resolver as votações do PMDB e as crises políticas. Jamais eu ou o PMDB fomos chamados para discutir formulações econômicas ou políticas do país; éramos meros acessórios, secundários, subsidiários”, escreveu Temer, ao deixar de vez o papel de articulador político do governo, depois de se sentir sabotado.
Só que um eventual impeachment atinge toda a chapa, e não apenas a presidente Dilma Rousseff (PT), embora Temer ainda guarde na manga um último recurso, que é o de tentar convencer a Justiça Eleitoral que suas contas eram desvinculadas das de Dilma e, portanto, não participou das pedaladas fiscais. Difícil de colar.
E agora, o que faz o vice-presidente Michel Temer (PMDB)? Diz que se precipitou e está arrependido de ter escrito a carta. Ah, bom!