O jogo político e jurídico se tornou um festival de caneladas em torno do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). A partida nem começou direito, mas muita gente quer levar para a prorrogação. Pelo andar da carruagem, é bem provável que seja isso mesmo o que vai acontecer. Não sem antes a novela apresentar, ainda esta semana, uma sucessão de capítulos emocionantes e desaconselháveis aos cardíacos.
Vamos ao jogo. O primeiro ataque partiu com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que achava estar com a bola dominada para que, se aprovado pela Câmara em plenário o pedido de impeachment, automaticamente ele teria que ser aceito pelo Senado.
E qual é a consequência disso? Nos pareceres de Cunha, a presidente teria de se afastar do cargo até o julgamento final. Foi o que aconteceu no processo de impeachment contra o então presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. A Câmara aprovou, o Senado também – em dois dias – e o hoje senador Collor deixou o governo em 2 de outubro.
Só que, agora, pesos-pesados do meio político e jurídico contestam o rito usado contra Collor. A própria presidente Dilma, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Cada um deles, com argumentos diferentes, apresentou pareceres para análise dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que tem sessão marcada para quarta-feira para tratar do assunto. Em comum entre os recursos está a possibilidade de tirar da Câmara dos Deputados o direito de dar, sozinha, a palavra final sobre a abertura do impeachment. Dilma e Janot contestam e Renan alega que as regras do jogo foram modificadas.
Como se vê, nesta semana, é improvável que impere o espírito natalino de sempre em dezembro. Até porque, na pauta do Congresso estão vários projetos-bomba, entre eles o que ataca o bolso dos brasileiros trazendo de volta a CPMF.