Primeiro, foi a entrevista ao jornal Washington Post. Ontem, logo de
manhã, a presidente Dilma Rousseff (PT) esteve no Wall Street Journal.
Antes, teve encontro com o megaempresário de mídia Rupert Murdoch, dono
do jornal. Só para constar: o governo brasileiro publicou um encarte
pago de quatro páginas, que deve custar uma fortuna, para divulgar o
país, em especial o programa de infraestrutura que lançou dias atrás.
Deveria também ter feito propaganda no Washington Post, aquele da entrevista. “Um retrocesso no Brasil” é o título de editorial publicado pelo jornal. E bate duro, afirmando que muitos dos problemas que o país enfrenta são resultados de políticas equivocadas de seu governo.
Além de destacar que o grande desafio de Dilma Rousseff é sobreviver, o Post condena as estatizações de seu primeiro governo, sugere que elas devem ser repensadas e arremata: “Sem isso, o futuro do Brasil permanecerá em suspenso”. Que recepção, hein? Ainda ontem, Dilma foi jantar com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mas a reunião de trabalho propriamente dito será hoje. Sobre a crise que deixou no Brasil, Dilma falou pela primeira vez em público. E foi veemente: “Eu não respeito delator. Até porque eu estive presa na ditadura e sei o que é. Tentaram me transformar em uma delatora”.
Enquanto Dilma, de quem está afastado nos últimos tempos, viaja, Lula marca reunião com petistas e tenta trazer o marqueteiro João Santana – aquele que pintou um mundo cor-de-rosa na campanha eleitoral do ano passado, quando o governo já sabia que estava no vermelho. E Santana pode até não aparecer. Está fazendo campanha na eleição argentina.
E, ao The Wall Street, a presidente Dilma Roussef declarou uma verdadeira pérola, diante das circunstâncias: “Precisamos reduzir riscos para negócios no Brasil”. Em tradução livre e simultânea, a frase deveria ser: “Precisamos reduzir negociatas arriscadas no Brasil”.