Amargando índices de um dígito na avaliação dos brasileiros que
consideram sua administração ótima, em levantamentos do próprio Palácio
do Planalto, a presidente Dilma Rousseff (PT) faz maratona para tentar
reverter esta situação. Diante da crise econômica, no entanto, é difícil
saber se só o discurso bastará para que venha surtir efeito.
Por
determinação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma
antecipou a volta do encontro com chefes de Estado na União Europeia e
chegou em cima da hora para o congresso do PT em Salvador (BA). Fez
longo discurso, mas na metade dele a plateia já estava dispersa e não
mais fazia silêncio, o contrário do discurso de Lula, que foi seguido
com atenção.
Em sua peregrinação em busca da popularidade
perdida, Dilma deu entrevista ao Programa do Jô, o que deixou o apresentador muito mal na fita. Falou nos três blocos,
mas não teve como deixar de admitir a gravidade da situação. Sobre o
aumento dos preços dos alimentos, reconheceu: “é uma das coisas que mais
me preocupam”.
E ao tentar amenizar, pelo menos foi sincera:
“Sei que é passageiro, mas sei também que, mesmo sendo passageiro afeta a
vida das pessoas”. E já que é passageiro, sobre o aumento das passagens
de ônibus em quase todas as capitais este ano, Dilma não tocou no
assunto. O passageiro dos coletivos paga tarifa mais alta e compra menos
no supermercado.
Dilma não fez também o dever de casa. O aumento dos
gastos da Presidência foi de 36% nos quatro primeiros meses deste ano em
relação ao mesmo período do ano passado. É um percentual muito acima da
inflação no período de janeiro a abril deste ano, calculada em 8,17%.
O
mau exemplo que vem do Palácio do Planalto contamina toda a Praça dos
Três Poderes em Brasília. Legislativo e Judiciário também aumentaram os
gastos. Então, o contribuinte brasileiro paga a conta alta do serviço
público perdulário e a fatura mais alta do supermercado.