Não convide para a mesma mesa o
ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Aloizio Mercadante
(PT-SP), e os caciques do PMDB. Vai soltar faísca se acontecer. A raiva dos
peemedebistas não tem um motivo. Nem dois. São várias as razões para que eles
queiram ver Mercadante, o ministro queridinho da presidente Dilma Rousseff
(PT), pelas costas.
Tudo é motivo para irritação. A ideia de fazer o ministro da Aviação Civil,
Eliseu Padilha (PMDB-RS), se lançar a um voo mais alto assumindo a Secretaria
de Relações Institucionais da Presidência da República foi vista, na bancada do
PMDB e, principalmente, pelos caciques do partido, como uma forma de
enfraquecer o poder do vice-presidente Michel Temer (PMDB), que assumiu o posto
a pedido da própria Dilma.
Será que Mercadante está desobedecendo a chefe? Pouco provável. Afinal, Michel
Temer defende a tese de candidatura própria do PMDB em 2018. E fortalecê-lo é
fazer com que a ideia ganhe cada vez mais força dentro do partido. Mas há mais
entre o céu e a terra na insatisfação peemedebista.
Com o cofre fechado a sete chaves, o governo federal não está pagando as
emendas parlamentares dos deputados e senadores. Pior que isso. Não são as
emendas deste ano, são as que estão no chamado “restos a pagar”. É o
dinheirinho para mandar para as bases, agradar os prefeitos e garantir o apoio
à reeleição. E tem mais. As queixas não param por aí.
Tem ainda o segundo escalão do governo. É lá que os caciques políticos aliados
ao Palácio do Planalto acomodam os seus afilhados e garantem proximidade com o
poder, já que se espalham por diversos ministérios. Só que a caneta
presidencial, pelo jeito, está sem tinta.
Resultado: o governo preferiu deixar de votar esta semana os seus projetos
importantes em pauta no Congresso. Sabe do alto risco de ser derrotado. Quer
ganhar tempo.