Em emocionado depoimento à Comissão de Relações Exteriores e Defesa
Nacional (CRE) do Senado, a ativista Lilian Tintori (foto) criticou duramente o
regime chefiado pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro – herdeiro
político de Hugo Chávez –, e pediu ao Brasil que “se levante e alce
sua voz para ajudar cada venezuelano a levantar as bandeiras da
democracia e dos direitos humanos”. Mulher do líder de oposição Leopoldo
López, ela estava acompanhada de Mitzy Capriles, esposa do ex-prefeito
de Caracas Antonio Ledezma, e de Rosa Orozco, que teve uma filha
assassinada durante manifestação contra o governo em Caracas. Leopoldo
López está preso há mais de um ano. Também está na cadeia o ex-prefeito
de Caracas. “O mundo inteiro sabe que na Venezuela não se vive em uma
democracia. Mais de 80% dos venezuelanos pedem mudança. Necessitamos de
ajuda dos países da região”, disse Lilian na abertura da audiência
pública promovida pela comissão, que contou com a presença de diversos
parlamentares e terminou com críticas de deputados e senadores ao fato
de o governo da presidente Dilma Rousseff não ter aceitado receber as
venezuelanas.
“A omissão do governo brasileiro em relação à escalada do autoritarismo na Venezuela é vergonhosa. Nos atinge a todos, como cidadãos que somos e democratas que devemos permanentemente ser”, disse o senador Aécio Neves (PSDB-MG), ao chegar à reunião. Além de participar da audiência, as mulheres foram recebidas pelos presidentes do Senado, Renan Calheiros, e do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. Mas não conseguiram marcar encontro com a presidente Dilma Rousseff. O presidente da comissão, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), e o senador José Serra (PSDB-SP) estiveram no Ministério das Relações Exteriores para tentar agendar uma entrevista com o ministro Mauro Vieira. Não obtiveram êxito.
Apenas no final da reunião da comissão foram informados pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o único petista presente no encontro, de que as duas seriam recebidas pelo chefe do Departamento de América do Sul, Baena Soares. Ele também lembrou que Dilma criticou a prisão de líderes da oposição na Venezuela durante a sua participação na Cúpula das Américas, em abril.