A aeronave não tinha defeitos. Todo o aparato tecnológico, de alta
qualidade, funcionava a contento. Mas, na última terça-feira, o
imponderável prevaleceu. O A320 da Germanwings, que saiu de Barcelona
(Espanha) com destino a Düsseldorf (Alemanha), colidiu com o Maciço dos
Três Bispos, nos Alpes franceses, pouco mais de 40 minutos depois de
decolar. Morreram 144 passageiros e seis tripulantes. A suspeita é de
que o copiloto tenha provocado o acidente.
O drama, como tantos outros, consternou o mundo. Não à toa. Entre os passageiros, havia muitos jovens alemães que voltariam para casa após intercâmbio em Barcelona. Crianças também estavam entre as vítimas. Porém, o que mais assusta é o trajeto das apurações. Até agora, os dados colhidos responsabilizam o copiloto Andreas Lubitz, de 27 anos, pela tragédia.
Na análise dos equipamentos de bordo, a fim de refazer o cenário que antecedeu o instante derradeiro, os técnicos concluíram que Lubitz teria programado a queda do A320. O comandante, que havia se ausentado por alguns instantes da cabine, não conseguiu retornar ao posto. Ficou trancado do lado de fora, resultado de ação deliberada do companheiro de trabalho. Naquele momento, o avião mergulhava para o infortúnio.
Segundo especialistas, suicídio como o de Lubitz é incomum na história da aviação. O fato exigirá dos investigadores esforço, igualmente incomum, para identificar as motivações que o levaram ao gesto extremo. Em 2009, o então aspirante a piloto abandonou o treinamento na Lufthansa devido a crise nervosa e depressão. Superada a dificuldade, concluiu o curso com aprovação em todos os monitoramentos.
Embora as aeronaves sejam dotadas, cada vez mais, de equipamentos e materiais sofisticados, que reforçam a segurança dos voos, cresce a suspeita de que não há investimento expressivo no capital humano. O entendimento é fortalecido pela declaração do presidente da Lufthansa, Carsten Spohr. Ele reconheceu que os pilotos passam por avaliações médicas regulares, mas a tripulação não está sujeita a análise da saúde mental.
O episódio com o A320 levará a mudanças na gestão de pessoal das companhias. Empresas do Canadá, da Noruega, da Alemanha e do Reino Unido anunciaram que vão rever as políticas de segurança e de avaliação médica dos funcionários. A revisão dos valores passa a ter papel importante.
Dotar a empresa com os avanços da tecnologia revelou-se insuficiente. As máquinas são manipuladas por pessoas, que precisam estar bem para, por um lado, garantir a segurança dos passageiros e tripulantes e, por outro, fazer os equipamentos renderem o máximo possível. Se elas vão mal, a resposta será inadequada. Identificar possíveis motivações que levaram o copiloto à atitude insana será passo importante e lição indispensável à reformulação de manuais e normas de conduta das corporações.
No Brasil, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), pilotos e postulantes ao cargo são avaliados com frequência. Quem sofre de depressão ou faz uso de medicamentos destinados ao equilíbrio da saúde mental é considerado inapto à atividade, exceto se laudo de psiquiatra atestar o contrário. Mas nem isso é o bastante. Importante é que cada profissional seja visto e tenha os limites respeitados. Como as máquinas, as pessoas precisam de manutenção.
O drama, como tantos outros, consternou o mundo. Não à toa. Entre os passageiros, havia muitos jovens alemães que voltariam para casa após intercâmbio em Barcelona. Crianças também estavam entre as vítimas. Porém, o que mais assusta é o trajeto das apurações. Até agora, os dados colhidos responsabilizam o copiloto Andreas Lubitz, de 27 anos, pela tragédia.
Na análise dos equipamentos de bordo, a fim de refazer o cenário que antecedeu o instante derradeiro, os técnicos concluíram que Lubitz teria programado a queda do A320. O comandante, que havia se ausentado por alguns instantes da cabine, não conseguiu retornar ao posto. Ficou trancado do lado de fora, resultado de ação deliberada do companheiro de trabalho. Naquele momento, o avião mergulhava para o infortúnio.
Segundo especialistas, suicídio como o de Lubitz é incomum na história da aviação. O fato exigirá dos investigadores esforço, igualmente incomum, para identificar as motivações que o levaram ao gesto extremo. Em 2009, o então aspirante a piloto abandonou o treinamento na Lufthansa devido a crise nervosa e depressão. Superada a dificuldade, concluiu o curso com aprovação em todos os monitoramentos.
Embora as aeronaves sejam dotadas, cada vez mais, de equipamentos e materiais sofisticados, que reforçam a segurança dos voos, cresce a suspeita de que não há investimento expressivo no capital humano. O entendimento é fortalecido pela declaração do presidente da Lufthansa, Carsten Spohr. Ele reconheceu que os pilotos passam por avaliações médicas regulares, mas a tripulação não está sujeita a análise da saúde mental.
O episódio com o A320 levará a mudanças na gestão de pessoal das companhias. Empresas do Canadá, da Noruega, da Alemanha e do Reino Unido anunciaram que vão rever as políticas de segurança e de avaliação médica dos funcionários. A revisão dos valores passa a ter papel importante.
Dotar a empresa com os avanços da tecnologia revelou-se insuficiente. As máquinas são manipuladas por pessoas, que precisam estar bem para, por um lado, garantir a segurança dos passageiros e tripulantes e, por outro, fazer os equipamentos renderem o máximo possível. Se elas vão mal, a resposta será inadequada. Identificar possíveis motivações que levaram o copiloto à atitude insana será passo importante e lição indispensável à reformulação de manuais e normas de conduta das corporações.
No Brasil, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), pilotos e postulantes ao cargo são avaliados com frequência. Quem sofre de depressão ou faz uso de medicamentos destinados ao equilíbrio da saúde mental é considerado inapto à atividade, exceto se laudo de psiquiatra atestar o contrário. Mas nem isso é o bastante. Importante é que cada profissional seja visto e tenha os limites respeitados. Como as máquinas, as pessoas precisam de manutenção.