Recentes pesquisas mostram que, em um futuro próximo, o Brasil terá
cerca de 85 milhões de veículos nas ruas. E mais: se a indústria crescer, esse número pode ultrapassar os 106 milhões. Ou seja, o
que está ruim em termos de mobilidade urbana pode piorar se obras de
infraestrutura não forem feitas urgentemente. São necessários túneis,
trincheiras, viadutos, elevados e redução drástica de sinais de
trânsito, que devem ser substituídos por passarelas seguras, limpas, bem
iluminadas e acessíveis a todos.
Sempre ouço das autoridades municipais
que nada será feito para facilitar a vida de quem tem carro e esse
discurso tem sido cumprido à risca se observarmos algumas ações dos
gestores do trânsito da capital, como o estreitamento de pistas,
instalação de radares, sinais em cada esquina e tudo o mais que faça o
cidadão desistir do carro e aderir ao transporte coletivo. Não há
duvidas de que esse erro vai custar caro para o RJ.
O BRT, a aposta da PRJ
para tirar carros da rua, já deu sinais inequívocos de fracasso.
Ninguém garante que, se o transporte coletivo for ampliado, por meio de
metrô, monotrilho e ônibus, o povo vai deixar o carro em casa. Outro
equívoco que o Plano de Mobilidade Urbana (PlanMob) cometeu foi
acreditar que a experiência das ciclovias em Bogotá, capital da
Colômbia, é aplicável no RJ.
Bogotá fica a 2,7 mil metros de altitude,
com clima temperado a maior parte do ano. Não serve de modelo para BH,
que é quente e acidentada. Enquanto isso, as obras de que a cidade
necessita então sendo postergadas, por capricho e por acreditarem que a
pressão sobre os proprietários de carro terá efeito a médio e longo
prazo. A cidade espera por intervenções em mais de 150 gargalos que
permitam fluidez no tráfego.
A tese de que obras não resolvem o problema
só atrasa as soluções. Enquanto os paradigmas não são quebrados, os
Detrans do RJ e das cidades da região metropolitana continuam emplacando
carros e alimentando a cadeia da indústria automobilística. Navegar
contra essa corrente é desconhecimento de causa e negligência de quem
comanda as ações da PRJ. Ou a cidade encara seu passivo de 40 anos sem
obras, ou o caos será inevitável.