Cutucar onça com vara curta na floresta já é um grande perigo. Cutucar onça com vara curta no Congresso é mais arriscado ainda. Pois foi exatamente isso o que propôs o governador de Pernambuco, Cid Gomes (Pros), à presidente Dilma Rousseff (PT) no encontro que tiveram ontem no Palácio do Planalto para discutir a sua provável posição na equipe ministerial do ano que vem, que deve ser a pasta de Educação. Ele quer passar como um trator, com uma fusão de pequenos partidos aliados ao governo, em cima do PMDB. Até parece o irmão Ciro Gomes em ação.
A lógica do Congresso não costuma seguir ações planejadas em gabinetes, a menos que os deputados e senadores sejam muito bem atendidos no temível toma lá dá cá das verbas das emendas individuais e de bancada.
Tanto que os parlamentares brigam para que elas sejam impositivas, o que dá urticária nos articuladores políticos do governo e daria plena liberdade aos deputados e senadores.
Início de governo, geralmente, deveria ser pautado por um clima de conciliação. Talvez por causa da beligerância na campanha eleitoral, o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff comece contaminado mesmo com a chegada de novos personagens que ganharão assento na Esplanada dos Ministérios.
Quem deu início a esta situação foi o PT, fazendo planos para impedir a cada vez mais constante rebeldia do PMDB, ainda mais agora com alguns de seus principais caciques insatisfeitos com os resultados das eleições. Nem mesmo o vice-presidente Michel Temer (PMDB) tem tido sucesso em suas investidas neste sentido.
O terceiro turno das eleições presidenciais e nos estados de 2014 já começou quente. E pode esquentar ainda mais – chegar a ferver – em momento de crise econômica.