Os debates televisivos entre os candidatos políticos nestas eleições
revelaram o abismo existente entre as demandas do povo e as questões
abordadas pelos candidatos e seus assessores. Gravitando entre os temas
saúde, educação e segurança de forma superficial, eles demonstraram o
quanto ainda são despreparados para governar o país.
Não faltaram cenas
pitorescas nas quais as palavras saúde e educação foram confundidas mais
de uma vez. Houve discursos e cobranças inflamadas, acusações mútuas e
deboches explícitos. Sobrou amadorismo e faltou vocação para a boa
política. Um tema tão atual como a mobilidade urbana, que afeta a
maioria das cidades com mais de 80 mil habitantes, não foi debatido.
Minas Gerais, por exemplo, enfrenta a maior seca de sua história, com riscos iminentes
de desabastecimento até para as necessidades básicas, e nenhum
candidato se lembrou disso. Alguns disseram que iriam ouvir a população e
só depois apresentariam um plano de governo. Hora, um candidato que não
sabe quais são as principais demandas do seu povo não pode governá-lo.
Houve quem passasse o tempo todo dizendo que tudo está maravilhoso e que
dará apenas continuidade ao que vem sendo feito nos últimos anos. Uma
demonstração inequívoca de que o modelo eleitoral está falido, ao
permitir a qualquer um se candidatar a cargos que não são para qualquer
um. Enquanto a democracia permitir esse samba do crioulo doido nas
eleições, é pouco provável que alguma coisa melhore neste país. Nas
eleições deste ano, presenciamos pouca renovação dos candidatos.
Conclui-se que já passou da hora de fazermos uma reforma política.