Não é à toa que o ex-presidente Lula, apesar de a presidente Dilma
Rousseff não lhe dar ouvidos nesta questão, bate na tecla da necessidade
de substituição do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Dilma relutava
em fazer isso antes da eleição. Agora, em plena campanha eleitoral, é
praticamente impossível que tome uma decisão tão drástica quanto esta. O
desempenho da economia, que tem forte componente político nas eleições
presidenciais, contudo, indica que a presidente deveria ter ouvido os
conselhos de seu guru político. Se há uma coisa que Lula tem é instinto
político.
Caso se concretize a previsão de que a inflação ficará em 6,4%, atual previsão do Banco Central, a presidente Dilma terá o pior desempenho dos últimos governos. Os de Lula, naturalmente, e até um de Fernando Henrique Cardoso, depois da estabilidade proporcionada pela consolidação do Plano Real. Dilma vai interromper a tendência de queda e inflação acumulada nos quatro anos de governo em 6,4%.
Na vida real, índices econômicos à parte, os brasileiros já estão sentindo na pele os efeitos dos erros cometidos pela equipe econômica, que levou os juros para 7,25% e foi obrigado a trazê-los de volta aos 11% atuais. A sensação de insegurança da população pode explicar a falta de confiança revelada nas pesquisas em relação à presidente Dilma, embora ela mantenha a liderança de intenção de voto.
Pode estar aí, no entanto, o calcanhar de Aquiles de sua campanha à reeleição. Levada a subir a rampa do Planalto sob a égide de ser a “gerentona” do segundo governo Lula, Dilma vê esta imagem se deteriorar a cada dia que passa, a cada vez que o pãozinho de sal sobe, a cada vez que um integrante da família perde o emprego.
Detalhe: a avaliação dos problemas na economia não foi Lula quem fez, foram especialistas ouvidos pela Agência Reuters. Mas que Lula tinha razão, ah, isso tinha!