A joelhada de Zúñiga que fraturou a terceira vértebra da coluna
lombar de Neymar e o tirou da fase final da Copa do Mundo é o assunto do
dia. Correu o mundo, não apenas o Brasil. Por aqui, no entanto, a
estimativa de gastos na campanha eleitoral dos candidatos à Presidência
da República, em torno de R$ 1 bilhão, é um tapa na cara nos eleitores que
não acreditam em contos da carochinha. Os presidenciáveis fazem de conta
que só vão gastar o que declaram e a Justiça Eleitoral finge que
acredita. É a ilha política da fantasia.
A maioria das doações vultosas é feita por empresas, grandes empresas. A menor parte segue os trâmites legais, devidamente registrada nas prestações de contas que os candidatos são obrigados a apresentar na Justiça Eleitoral. A maior parte, no entanto, ninguém sabe, ninguém viu. Os recursos financiam voos de jatinho, compram frotas de carros para cabos eleitorais e, principalmente, pagam os caros programas a serem apresentados em cadeia de rádio e televisão no horário eleitoral gratuito.
Quase nada dessas doações é motivado por afinidade partidária, por simpatia pelo candidato ou candidata, por ideologia ou coisa que a valha. É investimento de olho em contratos futuros com o governo. Tanto que muitas empresas doam para os principais candidatos.
Houve um caso em Minas Gerais, numa disputa municipal, em que o candidato que estava em primeiro lugar nas pesquisas recebeu R$ 1 milhão. O que estava em segundo, ficou com a metade, R$ 500 mil. E o terceiro recebeu R$ 200 mil. O detalhe é que a empresa acabou acertando o resultado da eleição com seu R$ 1 milhão.
Deu confusão na Justiça Eleitoral, mas deixa para lá, porque o grosso do dinheiro nunca é identificado. É investigação difícil de fazer. As doações partem da iniciativa privada, mas quem paga a conta e leva a joelhada e a canelada é o contribuinte, com as obras superfaturadas para pagar o favor.