O Brasil está de novo em destaque na imprensa internacional. Não,
não é por causa da Copa do Mundo deste ano. Muito menos por causa das
Olimpíadas de 2016. É a violência nos presídios que volta a manchar a
imagem do país no exterior. As fortes imagens do que acontece nas
cadeias do Maranhão mereceram até avisos de que era preciso ter estômago
para serem vistas. E era necessário mesmo. São chocantes e demandam uma
resposta rápida do poder público. O problema não é exclusivo do
Maranhão, mas lá perdeu todos os limites humanitários. Não dá para
ignorar.
A Organização das Nações Unidas (ONU) exigiu ontem uma reação imediata do Brasil para restaurar a ordem na prisão maranhense. E pediu uma investigação efetiva e imparcial. Outro órgão da ONU, o Alto Comissariado para os Direitos Humanos, foi ainda mais duro e pôs o dedo na ferida. Lamentou ter que “mais uma vez” ser obrigado a se deparar com a “terrível situação das prisões brasileiras”. Quatro palavras que mancham a imagem do país: “mais uma vez” e “terrível”. É sinal claro de que mesmo organismos internacionais têm ciência de que o problema não é novo e nada é feito para melhorar.
O pior é confrontar com a situação dos condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão. Nas prisões em que estão não há chacinas. Dá até para passar o tempo lendo livros, como o ex-ministro José Dirceu, sem ser incomodado, sem ser agredido, sem ser obrigado a fazer coisas piores. Dirceu, como já registrado, leu 15 livros desde que chegou à Penitenciária da Papuda em Brasília.
Os mensaleiros não serão transferidos para o Maranhão. Nem poderiam. Mas, se eles maculam a política brasileira, a violência nas prisões do Maranhão joga por terra a imagem do Brasil no exterior.