Em 22 de agosto de 1976 morreu JK. Em 6 de dezembro do mesmo ano, Jango.
No ano seguinte, Carlos Lacerda. A proximidade das datas e o fato de a
ditadura, que nunca foi apenas militar, estar vivendo momento interno
conturbado, sempre lançou dúvidas sobre essa história. Mas se morreram
ou foram mortos é apenas uma parte do problema. Sabemos que vários
brasileiros foram assassinados nos anos de chumbo. Sabemos dos
torturadores e dos que colaboraram... A Comissão da Verdade deslinda
todo dia o imenso rosário de mortes, torturas, sequestros e
desaparecimentos que atormentam ainda hoje muitas famílias que ainda não
sabem do fim e nem puderam enterrar os seus filhos.
Quase todos os países da América Latina julgaram os seus algozes, militares e civis. O Brasil não... Nossa Comissão da Verdade, a mais tardia de todas, teve os seus poderes limitados, pois o Supremo Tribunal Federal, em setembro de 2010, decidiu que os crimes daqueles anos de chumbo estavam anistiados. Não julgar os algozes da democracia e da liberdade é deixar a porta aberta à reincidência. Vale lembrar que neste país o autoritarismo é a regra, não a exceção. Nossos espasmos democráticos, dos quais este é o mais longo, são conquistas temporárias de gerações de lutadores contra uma elite que foi a última nas Américas a libertar os seus escravos. Este é um país onde certos setores da elite, não raramente, mencionam os anos de chumbo com saudosismo. “Todos os políticos são corruptos” é o mote atual. Por detrás da ladainha também presente antes de 64, e que agora vai se insinuando, está a visão de que governar é para poucos e não para o povo.
Ontem os restos de Jango e com ele os da democracia pré- 64 foram recebidos em Brasília. Entretanto, os holofotes, é óbvio, foram deslocadas para outra cena, que apesar do improviso cumpriu o seu papel. Não julgando os que abortaram a democracia em 64, deixamos a porta aberta aos golpistas do futuro. Certo ministro disse bem: “A humanidade tem obrigação de odiar os seus ofensores porque perdão coletivo é falta de memória e de vergonha, com viés masoquísta à reincidência”. Velhos fantasmas e novos algozes agradecem...
Quase todos os países da América Latina julgaram os seus algozes, militares e civis. O Brasil não... Nossa Comissão da Verdade, a mais tardia de todas, teve os seus poderes limitados, pois o Supremo Tribunal Federal, em setembro de 2010, decidiu que os crimes daqueles anos de chumbo estavam anistiados. Não julgar os algozes da democracia e da liberdade é deixar a porta aberta à reincidência. Vale lembrar que neste país o autoritarismo é a regra, não a exceção. Nossos espasmos democráticos, dos quais este é o mais longo, são conquistas temporárias de gerações de lutadores contra uma elite que foi a última nas Américas a libertar os seus escravos. Este é um país onde certos setores da elite, não raramente, mencionam os anos de chumbo com saudosismo. “Todos os políticos são corruptos” é o mote atual. Por detrás da ladainha também presente antes de 64, e que agora vai se insinuando, está a visão de que governar é para poucos e não para o povo.
Ontem os restos de Jango e com ele os da democracia pré- 64 foram recebidos em Brasília. Entretanto, os holofotes, é óbvio, foram deslocadas para outra cena, que apesar do improviso cumpriu o seu papel. Não julgando os que abortaram a democracia em 64, deixamos a porta aberta aos golpistas do futuro. Certo ministro disse bem: “A humanidade tem obrigação de odiar os seus ofensores porque perdão coletivo é falta de memória e de vergonha, com viés masoquísta à reincidência”. Velhos fantasmas e novos algozes agradecem...