Vassoura velha é que dá discurso bom |
Na incapacidade de obterem consenso acerca dos temas relevantes
relacionados à propalada reforma política, mas que para os
congressistas, antes de tudo, coloca em debate a própria sobrevivência
política, o Judiciário tem, ao longo das últimas décadas, promovido
mudanças a fórceps no sistema eleitoral do país. Para ficar em uma
significativa, a fidelidade partidária.
Na última década, cada nova legislatura que se inicia acena e ensaia a formação de comissões especiais para discutir a reforma política. Trabalham no primeiro semestre do primeiro ano de mandato, mas, ao fim da discórdia, digo dos debates, um único ponto de consenso: o esquecimento.
Diante da pressão das ruas, desta vez, a iniciativa partiu do Executivo. Mas a reforma política não anda e dificilmente caminhará com mudanças que aperfeiçoem o sistema. O PT defende sistema proporcional com lista fechada. O PSDB, em sua maioria, prega o voto distrital misto. Os nanicos querem as necessárias coligações à sua sobrevivência. O PMDB aponta para a pior proposta, o chamado distritão, que sob o nome de “voto único não transferível” naufragou no Japão pelo excessivo individualismo, esvaziamento completo dos partidos políticos e a falta de coordenação do processo eleitoral, com graves problemas de representação, inclusive territorial. Se não deu certo lá naquele pedaço, imagine neste continente…Ontem, mais um grupo de trabalho foi criado na Câmara dos Deputados para elaborar um projeto de reforma. A um ano das eleições…seria esperar muito .
Se a reforma política não caminhará; se as respostas às demandas por saúde e educação exigem rapidez impossível na prática legislativa, resta a saída udenista. Na pauta “positiva”, propostas que descansavam nas gavetas saltam para as mesas: fim do foro privilegiado para autoridades, e, para breve, a transformação da corrupção em crime hediondo. São matérias importantes, não resta dúvida. Mas, convenhamos, o Brasil precisa muito mais do que o velho discurso de uma tecla só.