Volta e meia, a frase do marqueteiro do americano Bill Clinton, James
Carville, citado ou não, volta às colunas dos comentaristas políticos
brasileiros. Esta semana foi uma febre. Bastou que as últimas pesquisas
apontassem queda de popularidade e de índices de intenção de votos para a
reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) – ainda franca favorita, é
preciso deixar claro – para que ela esteja presente mais uma vez. “É a
economia, estúpido”, explicava Carville a um assessor porque Clinton
iria vencer as eleições nos Estados Unidos. A inflação é ameaça, o
crescimento econômico é pífio neste momento, mas não é apenas isso que
move as estatísticas para baixo.
A reação do Palácio do Planalto
foi convocar uma coleção de ministros para fazer balanço “positivo” do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como contraponto. É aí que
mora o perigo. Basta ver a questão mineira. A Rodovia da Morte, a 381, é
ainda uma promessa que nunca sai do papel, tanto que haverá
manifestação dos mineiros para pressionar o governo federal. Uma estrada
com um apelido desse deveria ser prioridade entre as prioridades, mas
entra ano, sai ano nada acontece. Se por terra é assim, o aeroporto de
Confins em Belo Horizonte, por exemplo, também não voa em céu de brigadeiro. Pelo contrário, precisou de
regime especial para tentar sair da inércia e o cronograma realista
mostra que só ficará pronto anos-luz depois da Copa do Mundo.
Se é
a economia, estúpido, não menospreze a esperteza da classe política.
Essa segue a maré que leva ao porto seguro. Não é à toa que a presidente
Dilma Rousseff, que não perdia uma votação importante no Congresso,
começou a ter problemas e corre o risco de ter mais dissabores nas
próximas semanas. O governo, por exemplo, tem horror ao orçamento
impositivo nas emendas dos parlamentares. Vai conseguir segurar sua base
na Câmara dos Deputados e no Senado? Improvável. E esse é apenas um
exemplo. Nem é bom olhar a lista de vetos na gaveta, do Código Florestal
ao fator previdenciário, entre tantos outros. A temporada recomenda
prudência. Todo o cuidado é pouco.