A presidente
Dilma Rousseff foi buscar inspiração em Nelson Rodrigues, dramaturgo que
dispensa apresentação, na cerimônia de repactuação do Programa Brasil
sem Miséria no Rio Grande do Sul, estado em que começou a sua carreira
política. A presidente afirmou que existia no Brasil um “complexo de
vira-lata, que foi superado nos últimos 10 anos”. Boa de matemática,
Dilma fez as contas levando em conta os oito anos de mandato do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e e os dois primeiros do próprio
governo. E foi além. Garantiu alto e bom som:”Hoje temos muita
autoestima e olhamos todos de igual para igual”. Em relação ao mundo,
pode ser. E em relação aos diferentes estados brasileiros?
Logo depois, a presidente Dilma mudou de assunto. Foi falar de metrô, meio de transporte que defendeu com todo o vigor. Reclamou que, na década de 1980, tinha gente que dizia que metrô era coisa de gente rica e que a falta de investimentos desde então é responsável pela precariedade no transporte público do país. E foi taxativa ao dizer que “o metrô é a única forma racional de transporte coletivo de massa que está à altura do país”.
A melhor frase, no entanto, foi quando a presidente anunciou que “é por isso que o nosso governo está dando condições para todas as grandes cidades fazerem metrô”, pouco antes de destacar a precariedade da estrutrura de mobilidade nas grandes metrópoles.
A pior frase veio logo depois. Dilma Rousseff fez questão de enumerar as cidades em que o governo federal está “dando condições” para fazer metrô, nesta ordem: Porto Alegre – claro, era lá que a presidente estava –, Curitiba, Salvador e Fortaleza. Pra onde irá!