Anunciado esta semana pela Organização das Nações Unidas (ONU), o IDH informa que mantemos, há seis anos, a 85ª posição no ranking. Em escala que vai de 0 a 1, o país alcançou 0,728. Ao tomar conhecimento da classificação, o governo petista, pra variar, protestou. Alegou defasagem de dados da análise. Usadas as estatísticas mais recentes, o IDH nacional chegaria a 0,74. A ONU afirmou tratar-se de exigências da metodologia, que impõe isonomia dos países pesquisados.
O indicador brasileiro registrou algumas melhoras: passou de 0,728 em 2011 para 0,73 em 2012. De 1990 até hoje, saltou 24% — de 0,59 para 0,728. Não há que aplaudir os passos à frente - é obrigação! Mas impõe-se lembrar que não caminhamos sozinhos. O mundo também avança. Nenhum país em 2012 teve o IDH menor que o de 2000. Vivemos num planeta complicado, injusto, com desigualdades que precisam ser reduzidas.
Para diminuir o hiato que separa o Brasil da Noruega, primeira colocada no ranking do bem-estar com média de 0,955, necessitamos de mais, muito mais do que temos conseguido fazer para a população, especialmente a mais pobre.
Necessitamos de mais até se quisermos apenas nos aproximar de vizinhos latino-americanos. Afinal, Chile, Argentina e Uruguai, para citar três exemplos, estão bem na dianteira. A média da escolaridade responde por parcela do nosso atraso. Vale a comparação: 7,2 anos no Brasil, 9,35 anos na Argentina. Não podemos continuar comemorando vitórias apenas no futebol.
A falta de excelência da educação constitui o calcanhar de aquiles nacional. Em consequência, amargamos atraso na inovação, que compromete a competitividade da indústria e dos serviços. Na lista de produtividade dos países latino-americanos elaborada pela agência norte-americana de pesquisa Conference Board, o Brasil aparece em 15º lugar — à frente apenas da Bolívia e do Equador.
Vale lembrar que subdesenvolvimento não se improvisa. Cultiva-se ao longo dos anos. Entre 2005 e 2010, o país investiu 1,1% do PIB em tecnologia. É pouco. Os Estados Unidos aplicaram 2,8%. A China, 1,5%. O resultado não poderia ser outro. O Brasil tem 695,7 pesquisadores por milhão de habitantes. Os Estados Unidos, 4.674. A China, 1.198. O recado é claro: acumular e distribuir riqueza exige algo mais que palavras.