Este é mesmo o país da piada pronta. O governo federal divulgou o mapa
dos cortes nos salários dos servidores públicos por causa da greve. Quem
lidera as estatísticas é, um doce para quem adivinhar, o Instituto
Brasileiro de Geografia a Estatística (IBGE). Em seguida vem a Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Pelo jeito, estavam com muita
energia para protestar contra os salários ou pouca energia para
trabalhar. Para fechar com chave de ouro, em terceiro lugar está a
Agência Nacional do Cinema. Já que não ofende, que filme será que os
servidores de lá foram ver na matinê?
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Idade nada tem a ver com senso de justiça
Wesley Brown, 103 anos, é o juiz mais velho da suprema corte americana |
“Foi bonita a festa, pá, fiquei contente”. Ficou? Certamente,
não. A música não cabe na homenagem que o ministro Cezar Peluso recebeu,
depois de dar o seu último e rigoroso voto no processo do mensalão no
Supremo Tribunal Federal (STF). Citando Santo Agostinho (“Há uma
misericórdia que pune.”), Peluso fez o seu discurso de despedida
deixando uma lição para todos os magistrados: “Nenhum juiz ciente de sua
vocação condena alguém por ódio. Nada mais que constrange o magistrado
em ter que condenar o réu em uma ação penal”. Mesmo assim, Peluso foi
rigoroso. Para o ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha
(PT-SP), pediu pena de seis anos de reclusão. Isso mesmo, prisão. E foi
além. Pediu a cassação de seu mandato como deputado. Pelo jeito, o PT
nem vai esperar o fim do julgamento. O próprio partido deve cassar a
candidatura de João Paulo à Prefeitura de Osasco.
Voltando
à aposentadoria de Peluso, ele foi homenageado pelo presidente do
Supremo, ministro Ayres de Britto, que o classificou como um “juiz
eminentemente estudioso, culto, solícito, aberto”. Também falaram o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e o ex-ministro da
Justiça Márcio Thomaz Bastos, que, em nome dos advogados, pediu a
interrupção da sessão para que Peluso pudesse ser cumprimentado por seus
pares. É claro que Ayres de Britto atendeu o pedido e a sessão parou
por 30 minutos.
Dedo na ferida mesmo, no entanto, quem
pôs foi o decano do Supremo, Celso de Mello: “Os grandes juízes do STF,
como o eminente ministro, não partem jamais. Permanecem eternos na
memória e na história deste grande tribunal”, discursou, lamentando que a
Constituinte de 1988 tenha estabelecido a restrição de idade no STF.
É
esse o ponto. Nos tempos modernos, limitação em 70 anos de idade é um
contrassenso. Só para registro. Na Suprema Corte dos Estados Unidos, não
há limite algum. A aposentadoria é do foro íntimo de cada juiz.
Autocrítica
A cobertura que a mídia vem fazendo do mensalão é um verdadeiro samba do crioulo doido. Uma miscelânea de informações que demonstram o quão despreparados são muitos dos colegas jornalistas. Uns acham que é um jogo de futebol, que tudo deve ser comentado, outros tentam interpretar as frases da maneira mais absurda possível. Enfim, tem para todo gosto. Há, evidentemente, exceções. Uma delas é Marcelo Coelho, na Folha de S.Paulo. Assinando, desde o dia 3, a coluna com sugestivo título de "Questões de Ordem", o jornalista fala de tudo um pouco, com refinado humor e com muita sagacidade.
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