Por Flávio Guimarães - SP
Esta eu escrevo pensando no quanto vai
“espumar de raiva” o colega jornalista Eduardo Homem de Carvalho, do
Rio de Janeiro. Carvalho, à quem trato de Homem, mantém um blog que
leva o próprio nome; www.eduardohomemdecarvalho.blogspot.com
Opositor
ferrenho de autoritarismos e comportamentos, no mínimo, recrimináveis
de alguns magistrados (e não da Justiça, óbvio), em qualquer
oportunidade Homem desce o sarrafo, como se diz “no popular”. Os
leitores que o acompanham sabem disso.
Essa,
digamos, fixação do colega já custou a ele muita dor de cabeça e alguns
empregos. Pressionados pelos atingidos (entendam-se os juízes
retratados nos textos do “hómi”), os patrões não resistem e dão ao
indigitado, feroz digitador, o temido “bilhete azul”.
Até
um colega famoso, dono de site jornalístico e que também atua na TV,
não teve complacência e meteu o “pé no traseiro” “do” Homem. (o próprio
Homem conta essa passagem, no post “Ossos
do ofício”, diria meu colega carioca. É o preço para se manter a
dignidade, eu digo. Cabeça erguida, Homem, e dedos pra que vos quero.
(dica, no fim).
Bem, mas o
que eu quero usar como provocação ao Homem é a notícia de que no Rio
Grande do Sul, a Justiça concedeu liminar a um magistrado que, dessa
forma, ficou livre de pagar pedágio para ir trabalhar. O juiz em questão
mora em uma cidade e trabalha em outra, a cerca de 30 quilômetros.
O
despacho (andamento ao processo) afirma que o gasto diário de R$ 15 é
altíssimo. Por enquanto, Vancarlo André Anacleto, o favorecido, não está
pagando para transitar pela rodovia. Instalaram chip no carro dele,
semelhante ao “Sem Parar”, usado aqui em São Paulo, mas a
concessionária Brita Rodovias, que explora o serviço naquele trecho de
estrada, vai recorrer e cobrar retroativamente o que o juiz deixar de
pagar.
Não quero fazer
fofoca, mas tomando por base os escândalos recentes dos salários dos
juízes do Rio de Janeiro, fiquei pensando... Segundo o site de notícias
jurídicas JusBrasil, além do salário, os magistrados recebem auxílio (benefício em dinheiro) para quase tudo. Na lista, está o auxílio-locomoção.
Em
nome da isonomia, princípio assegurado pela Constituição, segundo o
qual todos são iguais perante a lei, não podendo haver nenhuma distinção
em relação a pessoas que estejam na mesma situação (Aulete Digital),
Anacleto também deve receber o tal auxílio. Será que, com a liminar, o
respeitável representante da Justiça está devolvendo o dinheiro ao
Estado?
E, outra coisa: se
o juiz, que recebe o reembolso pelo que gasta, considera um absurdo o
preço do pedágio, o que deve achar o cidadão brasileiro que não tem
privilégios e “morre” com uma bela soma por mês, sem choro nem vela?
Para
encerrar, peço que você observe dois detalhes curiosos: o juiz Anacleto
mora em Gramado/RS, mas não vai “pastar” no posto de pedágio, ao
contrário dos demais moradores da cidade.
Eu
disse dois detalhes, não disse? Pois é, o segundo detalhe é que a
cidade onde trabalha o juiz é Igrejinha/RS. Desde o princípio eu
desconfiei, mesmo, que isso era coisa de “igrejinha”.
—Excelência, assim não dá! Assim, não é possível! Desse jeito, meu colega Homem vai bater com as dez, pô! A informação é da Agência de Notícias Jornal Floripa, aqui.
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*Dica:
Adaptei a frase “pernas, pra que te quero” quando sugeri ao colega
Homem que continue a escrever como gosta e me lembrei de uma dica de
Português.
Segundo o
professor Pasquale Cipro Neto, não se pode misturar o substantivo
feminino “pernas”, no plural, com o pronome pessoal do caso oblíquo
“te”, da segunda pessoa do singular.
Dessa
forma, o correto é “pernas, pra que vos quero”. Decidi acatar o mestre e
cheguei a uma conclusão. Pode ser correto, sim, mas é muito estranho,
não?Dita do jeito
popular, “pernas, pra que te quero” soa melhor. Pernas, pra que vos
quero, não dá. A amazona, acima, que o diga. O uso do cachimbo já fez a
boca torta. Arre, égua!