Roberto Gurgel, procurador-geral da República, deve pedir condenação de 36 dos 38 réus do processo do mensalão |
Começou o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF).
Bem, mal começou e já teve bate-boca entre os ministros Joaquim Barbosa,
relator do processo, e Ricardo Lewandowski, que é o revisor. Tudo por
causa de uma preliminar do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos,
um dos advogados da defesa, que questionou a competência do STF para
julgar os réus que não são deputados e que, portanto, não deveriam estar
em foro privilegiado. O pedido foi negado, mas consumiu quase toda a
primeira sessão, já que exigiu o voto de todos os ministros. O placar
ficou em 9 a 2 para que todos os 38 acusados fossem julgados no mesmo
processo. Quanto ao bate-boca, faz parte do embate jurídico e da troca
de argumentos. Foi apenas o primeiro. Muitas outras discussões devem
marcar um evento tão polêmico.
As atenções estavam todas voltadas
para o Supremo ontem. É uma situação que deve perdurar pelos próximos
dias. É compreensível, contudo, que, à medida que o tempo for passando, a
opinião pública vá perdendo um pouco a curiosidade. A concorrência com a
eleição não será responsável por isso. As Olimpíadas, a menos que o
Brasil comece a colecionar melhores resultados em grande quantidade,
também não. O principal motivo é o rito jurídico. O procurador-geral da
República, Roberto Gurgel, por exemplo, tem cinco horas para apresentar a
sua peça de acusação. Os advogados de cada um dos réus, outras tantas
horas para rebater seus argumentos. São longos discursos, que o grosso
da população não tem a menor paciência de ouvir.
Já no meio
político e na mídia, o julgamento é um prato cheio. Por enquanto, ficará
restrito aos meandros da Justiça. À medida que for andando, vai ganhar
os palanques de campanha e os programas eleitorais gratuitos, quando
entrarem no ar. O tamanho da influência que terá no resultado das
eleições, no entanto, ainda está por ser medido.