Consumidores de drogas, principalmente da
pedra, predominam entre pacientes psiquiátricos internados a mando de
juízes. A cada dois dias, um usuário dá entrada em hospital por
determinação do Judiciário, uma solução extrema que está longe de ser
consenso.
A roda do cachimbo: internações que independem da concordância dos pacientes passam a ser avaliadas por grupo especial de enfrentamento. |
Em um estado em que o crack se alastra entre pessoas de todas as idades, classes sociais e categorias profissionais, os casos de dependência de entorpecentes predominam com ampla margem nas
internações psiquiátricas por ordem judicial. A cada dois dias, um
usuário de crack e outras drogas dá entrada em hospitaispor determinação da justiça.
Uma das medidas nesse sentido deve ser lançada pela Comissão
Especial para Enfrentamento ao Crack , sob a forma de um plano de ação
para avaliar as internações involuntárias e compulsórias, estabelecendo um acompanhamento pós-internação ao
dependente e à sua família. Outra medida será a inspeção de unidades
que acolhem inadequadamente esses pacientes. Ocorre que centenas de usuários sequer tem família...
Disse-me um magistrado, que, como seus demais colegas, sabem tudo: Quando o juiz precisa determinar a internação, é porque há algum
problema. Ou falta de vagas, ou falta de vontade do dependente, que
sequer tem condições de decidir sobre isso. Na fissura, por exemplo, ele
perde a capacidade de discernimento, porque fica escravo da droga. É
falácia dizer que o dependente só deve ser tratado se quiser, porque
essa é uma doença corrosiva do ponto de vista psicológico, físico,
financeiro e social”, defende ele. Leva pra casa então doutor!
Pra terminar, o acolhimento hospitalar, especialmente o determinado à revelia
da vontade do paciente, está longe de ser uma solução de consenso. Além
das estatísticas que apontam a saída como pouco resolutiva do ponto de
vista de tratar a dependência, há também a resistência daqueles que
temem que a solução possa ser adotada como uma espécie de “limpeza
social”, contrariando os direitos dos usuários. O Estado está cheirado!