Enquanto a senadora Marta Suplicy (PT-SP) reluta em aderir à campanha do
pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, outra
ex-prefeita da cidade ganha espaço na chapa. O PSB articula para indicar
a deputada federal Luiza Erundina como candidata a vice. A deputada foi
a primeira prefeita do PT no Brasil e em São Paulo, cargo também
ocupado pela senadora.
O Senado promete votar na semana que
vem a proposta que acaba como voto secreto e a que extingue as
coligações para deputado e vereador. A primeira vai ser analisada em
plenário e a segunda na Comissão de Constituição e Justiça. Será? Façam
suas apostas.
Garantia contra pressões do Executivo ou ferramenta a favor da
impunidade? Essa é uma discussão que vem sendo suscitada desde que
algumas câmaras municipais, como a da capital mineira, e agora o Senado
começaram a discutir para valer a necessidade do fim do voto secreto. O
fim do sigilo nas votações pode ate dividir juristas e parlamentares,
mas conta com o apoio incondicional da população em geral. Para quem
duvida disso, basta puxar esse assunto em qualquer lugar para ver a
reação dos eleitores em geral.
É que o segredo nas votações
sempre foi usado pelos parlamentares brasileiros para esconder posições
ideológicas, no caso de vetos presidenciais, e corporativistas, no caso
de julgamentos de cassação de mandato. Quem não se lembra dos 11
deputados absolvidos pelo plenário da Câmara dos Deputados, em 2006, por
causa do envolvimento com a máfia que superfaturava compra de
ambulâncias? Ou do então deputado federal João Magno (PT-MG), que
confessou ter recebido quase meio milhão de reais em recursos de caixa
dois do escândalo conhecido como mensalão e mesmo assim acabou escapando
da cassação?
O caso do parlamentar ficou célebre por causa da
dança em plenário da deputada Angela Guadagnin (PT-SP), em comemoração a
sua absolvição. Flagrada em vídeo recebendo dinheiro do delator do
mensalão do DEM, Durval Barbosa, a deputada federal Jaqueline Roriz
(PMN-DF) escapou com folga, ano passado, de perder o mandato.
Em
todas essas situações os parlamentares abusaram do expediente do voto
secreto para inocentar companheiros pegos em condutas nada condizentes
com o exercício parlamentar. E provavelmente ainda este ano o Senado
terá de decidir mais uma vez o destino de um de seus pares envolvidos em
denúncias de corrupção, o senador Demóstenes Torres (GO), já expulso do
DEM. A manutenção do sigilo pode ser mais uma vez usada a favor de um
parlamentar sem condições de permanecer no parlamento, na contramão do
que deseja a sociedade, cada vez mais ávida de transparência total e
absoluta em tudo quanto é assunto que diz respeito ao estado, seus
recursos e seus administradores e legisladores. O cidadão hoje tem o
direito de saber e o poder de requisitar informações sobre os atos de
todos os poderes. Por que não o direito também de saber como vota seu
representante no parlamento?