É claro que todo mundo é a favor. Ainda mais que o assunto foi lançado pela própria presidente Dilma Rousseff em seu pronunciamento em rede nacional no Dia do Trabalho. Afinal, quem será capaz de defender os juros nas alturas? Claro que não haverá – se não for banqueiro, é claro – quem defenda que os bancos mantenham as taxas que cobram atualmente e fazem deles o negócio mais rentável do país. O Brasil é um dos líderes em taxas de juros do mundo, também é verdade e fato conhecido. Por quê? Aí, já é outra história. Na época do ex-presidente Lula, o Banco Central hesitou, teve medo da volta da inflação e perdeu a oportunidade de reduzir a taxa Selic há mais tempo. Agora, no governo Dilma, os índices já caíram. Até onde podem ir?
A crise econômica no mundo afora recomenda o aquecimento do mercado interno, para que o Brasil mantenha as suas taxas de crescimento. A inflação ainda está sob controle, mas oscila muito e, no ano passado, por pouco não estourou a meta fixada pelo próprio governo. Dilma prefere correr o risco, comprando a briga com os bancos. Pode faltar espaço para o Banco Central cortar a taxa básica, mas nos bancos, de fato, há muita gordura.
O problema político, no entanto, está na caderneta de poupança. O que fazer com ela? Dilma só falou dos bancos e está num dilema danado em relação ao investimento mais popular do país. Mas já começou a preparar o terreno. Quer ver? “Ninguém está falando em tirar recursos de ninguém. Falamos em ajustar a poupança a taxas mais adequadas de juros baixo.” A frase é do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS). Sintomático que ele venha a defender a medida que o governo ainda estuda. É preparação do lombo do pequeno poupador. Aliás, não tirar recursos de ninguém é lembrança do confisco de Collor. Mas aí, é viagem lisérgica.