Sabe a história do marido traído que joga fora o sofá da sala? Pois é, ele, o sofá, agora é da marca Delta Construções. E não vai demorar muito para estar jogado no meio da rua, como se nada tivesse acontecido. Sentados em suas cadeiras de ministros, é o que estão tramando Gleisi Hoffmann, chefe da Casa Civil, e Jorge Hage, comandante da Controladoria Geral da União. Na sexta-feira, com a melhor das intenções, obedecendo ordens da presidente Dilma Rousseff, que diz que o escândalo envolvendo o bicheiro Carlinhos Cachoeira é assunto do Congresso, Gleisi e Hage determinaram a abertura de processo para declarar a Delta como empresa inidônea e impedir que ela possa firmar contratos com o governo federal.
O problema é que dentro do sofá – e não dentro do colchão, como é mais usual – estão nada menos que quase R$ 900 milhões, se forem levados em conta apenas os contratos que a Delta faturou com o governo federal só no ano passado. Então ficamos assim. Jogamos a sujeira para debaixo do tapete, fingimos que nada de mais grave está acontecendo e tocamos o barco.
Enquanto isso, caberá aos brasileiros usar outro sofá, o da sala de televisão, para assistir ao espetáculo estrelado por deputados e senadores na CPI mista que será instalada esta semana no Congresso. O problema é que não será diversão garantida e muito menos seu dinheiro de volta.
Ao vivo e em cores, entrará em cartaz, direto de Brasília, o programa de aceleração do crescimento da fortuna de Carlinhos Cachoeira e de outros mais pelo país afora. Os contribuintes brasileiros poderão conhecer com detalhes como o seu suado dinheirinho enche os bolsos de uns poucos empreiteiros mal-intencionados e de um grupo de políticos corruptos que atacam os cofres públicos sem o menor pudor.