Com a pulga atrás da orelha. Assim, alguns caciques petistas estão reagindo à coleta de assinaturas para a instalação da CPI do Cachoeira, que será mista, terá senadores e deputados. São aqueles mais prudentes, adeptos da máxima, já tantas vezes repetida aqui, de que uma comissão parlamentar de inquérito sabe-se como começa, mas não dá para saber como vai terminar. A diferença, neste caso, é que a ordem veio de cima, bem de cima mesmo. Nos bastidores, o principal incentivador da investigação é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É isso mesmo. Depois do tratamento, Lula está ativo e, pelo jeito, bem informado para entrar tão de cabeça numa questão delicada como esta.
“Quem tem mais informação que a gente deve saber o que está fazendo, ou, pelo menos, eu espero que saiba”, diz um líder governista na Câmara dos Deputados, meio ressabiado com a ansiedade dos movimentos para a instalação da CPI. Indagado se a investigação não seria uma forma de tirar, pelo menos um pouco, as atenções de alguns dos mais importantes caciques petistas envolvidos com o julgamento do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, prometido para ocorrer ainda este semestre, o parlamentar levanta ainda mais dúvidas: “Não só. Pode ser que a CPI ache mais coisas”.
Como já há um governador tucano envolvido, o de Goiás, Marconi Perillo, pode estar aí o pulo do gato. Mas por que a CPI? “Para conseguir ter acesso a informações de que se tem notícias mais facilmente”, responde o líder petista, acrescentando que elas não poderiam estar disponíveis. “A CPI se torna então o instrumento para conseguir. Daí correr o risco”. É, pode ser. Em política, já não dá mais para se surpreender com nada, mas um risco desse tamanho? Vale a pena correr? E se o tiro sair pela culatra? Resposta em breve nas sessões da CPI.