O Brasil já cumpre as exigências feitas pelos Estados Unidos para autorizar a entrada de estrangeiros em seu território sem a necessidade de visto. O compromisso assinado na segunda-feira pelos presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama de derrubar a barreira chega atrasado. O preconceito, contudo, em relação aos imigrantes brasileiros relacionado a questões econômicas é apontado por especialistas como principal obstáculo para o acesso de brasileiros na terra do Tio Sam.
Apesar do aumento significativo dos gastos tupiniquins no exterior – passando de US$ 3,8 bilhões em 2000 para US$ 21,2 bilhões no ano passado, segundo o Banco Central –, e de os EUA ser o principal destino dos brasileiros – em 2011, 23,8% deles foram para os EUA, segundo o IBGE –, um entrave concebido de antemão e que vem de longa data adia a inclusão do país na lista vip dos norte-americanos.
As exigências técnicas não existem mais ou são detalhes, que não impediriam esse acordo. O que ainda existe e surge como maior dificuldade para nossa inclusão nessa lista é uma mentalidade que persiste sobre nossos viajantes. O processo de negociação não deve acontecer no curto prazo, com estimativa de cinco anos para ser concretizado. A Coreia do Sul, por exemplo, levou mais de dez anos para conseguir entrar na lista, em um processo demorado e de muita negociação.
A lista de exigências divulgadas pelo site do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (www.travel.state.gov), estão determinações que levam em conta critérios de segurança adotados pelo país, como a troca de informações entre os dois governos e padrões rigorosos para a emissão de passaportes (veja quadro). A primeira barreira que os brasileiros tradicionalmente enfrentam está ligada à questão econômica e vem sendo usada desde a décadas de 1980 e 1990, quando existia o medo de que entrassem nos Estados Unidos para procurar empregos. Depois a questão passou a ser de segurança, com questionamentos sobre nosso processo de emissão de passaportes. Era comum apontar a facilidade de se conseguir um documento falsificado aqui. Hoje, já não existe mais a questão econômica, com os brasileiros sendo apontados como os que mais gastaram na Flórida e Nova Iorque no ano passado. A questão de segurança também avançou muito e dificilmente seria apontada como um obstáculo.