O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), foi obrigado a dizer a alguns colegas, com todas as letras, que não há a menor possibilidade de mudar o regimento da Casa para permitir que ele concorra à reeleição para o cargo. É, pode ser, mas que o PMDB está com a pulga atrás da orelha, ah, isso está. Tanto que Maia tem dito que o boato só pode ter sido lançado por alguém interessado em criar atrito do PT com o PMDB. E, pela reação dos peemedebistas, que se queixam do tratamento dado pelo Palácio do Planalto, o boato deu certo.
sexta-feira, 2 de março de 2012
Hugo "Pule de dez" Leal
No Congresso, a nomeação do deputado Hugo Leal (PSC-RJ) ex-presidente do Detran/RJ, como novo ministro do Trabalho é dada como pule de dez. A expectativa era de que o anúncio fosse feito ainda ontem, mas a presidente Dilma Rousseff foi para São Paulo se encontrar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (na foto, com dona Marisa), num compromisso fora da agenda presidencial. Talvez até para consultar se seria correta a estratégia de tirar a pasta do PDT, partido que está com um pé na oposição, como ficou claro na votação do projeto do novo Fundo de Previdência dos Servidores Públicos. A rebeldia, pelo jeito, terá o seu preço.
Os canibais na visão de Dilma
Quem diria, anos atrás, que o Brasil iria acusar os países ricos de canibalismo? Pois é, mas foi isso, com todas as letras, que a presidente Dilma Rousseff fez em público, diante de uma plateia repleta de empresários e sindicalistas, em discurso durante o lançamento do Compromisso Nacional da Indústria da Construção. “Eu quero dizer para vocês que nós vamos continuar desenvolvendo este país, defendendo sua indústria, impedindo que os métodos de saída da crise desses países desenvolvidos implique a canibalização dos mercados dos países emergentes e, ao mesmo tempo, assegurando que o nosso mercado interno, o nosso mercado de massa cresça qualitativamente”, atacou a presidente, para deleite da plateia.
Dilma foi além. Reclamou que os países ricos não fazem política fiscal para ter capacidade de investimento. Usou a metáfora “tsunami no mercado monetário” para condenar a falta de iniciativas concretas. Por falar nisso, a presidente não ficou apenas na retórica. Tomou iniciativa concreta, como a taxação em 6% dos empréstimos contraídos no exterior pelas empresas brasileiras que tenham prazo inferior a três anos. Na prática, a medida visa evitar a entrada de dólares no país e, com isso, impedir, ou pelo menos diminuir, a desvalorização do real.
A preocupação da presidente faz todo sentido. O dólar fraco favorece a importação e prejudica a indústria nacional, que também precisa fazer a sua parte e conseguir mais produtividade. Até lá, no entanto, uma mãozinha do governo é bem-vinda. É o que Dilma chamou de “concorrência desleal”. Afinal, são os ricos querendo que os países em desenvolvimento paguem a conta da sua própria incompetência. A retórica está perfeita, resta saber se, na prática, será suficiente e dará certo.
Saúde na merda
Não só é necessária, como inadiável, a representação popular para obrigar a União a proporcionar mais recursos para a saúde. A regulamentação da Emenda Constitucional 29 foi um autêntico conto do vigário. Já que houve a opção pela estatização do sistema de saúde, é necessário que sejam destinados recursos de forma adequada. A dotação de R$ 72 bilhões no Orçamento Geral da União (OGU) estabelece um valor de R$ 369 por habitante em um ano, o que é simplesmente ridículo. O Canadá destina US$ 1,9 mil e a França US$ 1 mil p/h. Mesmo países da América Latina, como Colômbia e Chile, que estabelecem recursos menores que o Brasil, apresentam indicadores de saúde coletiva melhores que os nossos.
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