Em time que está ganhando não se mexe. Em estratégia que deu certo, menos ainda. O ministro da Educação, Fernando Haddad, já arruma as gavetas e prepara as malas para deixar Brasília e desembarcar em São Paulo, para pôr o pé na estrada em pré-campanha eleitoral. Por que a simulação de pré-campanha? Porque campanha mesmo é proibido pela legislação. Mas no país do fingimento todos acreditam que não há quebra de regras. E fica tudo por isso mesmo. A mesma estratégia será usada pelos petistas em outras capitais onde for possível fazer uma definição mais rápida e tranquila, como Salvador, com Nelson Pellegrino. Em outros lugares, é preciso esperar acertos com os aliados. Belo Horizonte e Porto Alegre são exemplo.
Fernando Haddad será obrigado a deixar o governo. Dilma Rousseff continuou ministra, mas a estratégia é a mesma. O então presidente Lula, a partir de 2009, pôs Dilma a tiracolo e percorreu o país, reunindo multidões para visitar, lançar ou inaugurar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Era campanha descarada, só faltava Lula pedir voto explicitamente (em alguns casos dava até para dizer que ele fez isso). O ex-presidente rasgava elogios, andava no meio do povão bem ao seu estilo, conversava e articulava com os agentes políticos dos estados e cidades que visitava.
Neófita na campanha, Dilma conseguiu se eleger graças a Lula. Venceu o tucano José Serra, que já tinha recall de uma disputa presidencial. Todos creditaram, com razão, a vitória ao seu padrinho político e ao governo bem avaliado pela população. Se deu certo nacionalmente, por que não repetir a estratégia nos estados? É o que Haddad vai fazer em São Paulo. Não é à toa que o próprio Lula, animado com o resultado do tratamento contra o câncer, já fala em subir nos palanques a partir de fevereiro do ano que vem.