Se correr, o dragão da inflação pega. Se ficar, o bicho do crescimento come! É esse o dilema que vive atualmente a equipe econômica do governo Dilma Rousseff. Secretário-executivo do Ministério da Fazenda, cargo que corresponde a uma espécie de “vice-ministro”, Nelson Barbosa anunciou ontem que o governo revisa as estimativas de incremento da economia para este ano. Antes, diferentemente do Banco Central, que sempre tinha projeções menos otimistas, o governo esperava que o país crescesse 4,5%. Agora, fala-se em crescimento entre 3,5% e 4%. E isso mesmo depois de as taxas de juros terem começado a cair. No mercado financeiro, já há quem fale em um índice mais próximo de 3%, mas os economistas costumam ser mais pessimistas que o rei.
No Palácio do Planalto, a disputa é sobre quem vai pôr o guizo no pescoço do gato, ou melhor, da gata. Traduzindo: é quem vai dar a notícia à presidente Dilma Rousseff, que acaba de voltar da Europa, onde foi superbem acolhida e chegou a oferecer ajuda do Brasil aos países europeus por causa da crise - mueizinha louca! Ainda mais que o discurso é de que o Brasil está mais bem preparado que os ricos para enfrentar a recessão que já abate os países europeus e ronda os Estados Unidos - sem noção! Não será tarefa fácil. Tudo bem que dizem que o mercado interno brasileiro está aquecido, mas a inflação taí. Fazer a escolha de Sofia não é tarefa das mais fáceis.
Pior que isso é a comparação. Dilma recebeu um país que cresceu mais de 7% no ano passado, porque o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mais preocupado em ganhar as eleições do que com os princípios básicos da economia, tirou o pé do freio completamente. As consequências aparecem agora. Dilma não vai gostar. Nem tudo está perdido, no entanto. O desaquecimento mundial pode frear o preço dos alimentos e não é impossível conciliar crescimento com inflação baixa. O pior dos mundos está batendo a porta...