A ideia de montar uma novo partido está praticamente descartada pelos irmãos Gomes, o ex-deputado Ciro e o governador do Ceará, Cid. As conversas com o PDT voltaram com mais força nos últimos dias. Ciro, no entanto, não deve conseguir, mesmo com o PDT, repetir a performance que teve ao deixar o PPS em direção ao PSB. Naquela época, ele levou um grupo grande de deputados, de vários estados. Hoje, sua influência começa e termina no Ceará.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Olha os números aí gente!
Antes de ameaçar os colegas da base aliada ao Palácio do Planalto, por causa da confusão na votação do projeto do novo Código Florestal, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), deveria prestar atenção aos números. Eles são eloquentes. Na votação que derrubou a sessão em que a proposta estava na pauta, o recado dos governistas foi claro. O levantamento é do deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que gosta de lidar com números, até por dever de ofício. É analista de sistemas, como consta em sua página oficial no site da Câmara.
Foram 177 votos contra a derrubada da sessão. Destes, 42 eram de deputados do PSDB. Outros 37 vieram de democratas e mais 10 do PPS, os partidos de oposição. Da base aliada ao Palácio do Planalto, os campeões foram o PP, presidido pelo senador Francisco Dornelles (RJ), e o PR, do deputado Waldemar da Costa Neto (SP). Cada uma das legendas deu 18 votos contra o governo. O PMDB contribuiu com outros 16 votos e o PSB marcou posição com nove. Nem mesmo o PT, normalmente muito disciplinado, ficou de fora. Dois petistas fizeram questão de mostrar rebeldia e marcar posição em favor da votação defendida pelos ruralistas.
O recado não tem cara de palhaçada, embora o deputado Tiririca (PR-SP) tenha votado contra o governo. Está mais para um pugilismo explícito, já que o deputado boxeador Acelino Freitas (PRB-BA), o Popó, também defendeu a manutenção da sessão. Esta semana nada deve ser votado. O governo, no entanto, pode preparar o couro. As ameaças de Vaccarezza não vão surtir efeito. Os ruralistas podem ser aliados do governo, mas pensam antes em suas próprias fazendas.
Governo emperrado e confuso
Durante a última campanha eleitoral, os marqueteiros fizeram questão de construir uma imagem de grande gestora para a então candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff. Nos bastidores, seus defensores alardeavam atributos como a falta de paciência com a ineficiência, contra a qual reagia com irritação e, algumas vezes, murros na mesa. Pois, passados quase cinco meses de governo, a figura de gerentona começa a se desfazer. A administração Dilma está se transformando em sinônimo de obras paradas, projetos adiados e promessas na gaveta. Para piorar, a continuidade da Era Lula impõe resistências a necessárias mudanças de práticas no funcionamento da máquina pública. Resultado: sempre elogiada por seu trabalho à frente do Ministério de Minas e Energia e da Casa Civil, intitulada mãe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a presidente está sendo engolida pela burocracia.
Mesmo em fases de mais recursos para obras, praticamente nada se transforma em realidade. Somente em restos a pagar – despesas autorizadas, mas não desembolsadas – há R$ 124 bilhões na contabilidade pública. E mais: sobram problemas na coordenação interministerial, entraves jurídicos e irregularidades de toda ordem.
Especialistas em finanças públicas mostram-se pessimistas e afirmam que murro na mesa e puxão de orelha são insuficientes para Dilma entregar o que prometeu no tempo desejado. Ela precisaria aliar vontade política com reformas institucionais, votadas pelo Congresso, para fazer o seu governo sair do lugar. A União tem sérios problemas financeiros e de gestão. O gasto é alto e rígido e a cobrança de impostos ineficiente e injusta. Para resolver tais problemas em definitivo, é preciso mudar a cultura de gastar mais e depois correr atrás do dinheiro para cobrir despesas.
A maioria dos países tem gastos de pessoal elevados e se debate com os mesmos dramas do Estado brasileiro: excesso de servidores em áreas não essenciais, salários mais altos do que os do setor privado em funções semelhantes, regimes jurídicos inadequados e despesas engessadas. O Brasil, contudo, gasta mais em pessoal do que a média dos países de perfil semelhante. Ou seja, temos mais a ajustar do que os outros, sob pena de o contribuinte pagar a mais alta carga tributária do mundo emergente sem a contrapartida desejável de prestação de serviços pelo setor público.
Assinar:
Postagens (Atom)